A situação internacional

Apresentado por Julio Turra e Luiz Eduardo Greenhalgh, membros Comitê Nacional do DAP e do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI) do qual o DAP é aderente

O mundo está convulsionado pela guerra que eclodiu no coração da Europa há um ano e meio, com a invasão de território da Ucrânia pela Rússia de Putin, guerra que na verdade havia começado em 2014 (nas regiões limítrofes entre os dois países) e que ganhou outra envergadura com a entrada dos EUA e seus aliados da OTAN no conflito. O DAP, acompanhando o posicionamento de organizações e militantes de vários países, em particular aqueles representados no CILI do qual participamos, adotou desde o início do conflito a posição de que esta guerra não é dos povos russo e ucraniano e tampouco interessa aos trabalhadores e povos de todo o mundo. Trata-se de uma guerra entre potências capitalistas interessadas em mercados e fontes de matérias primas que pode deslizar para uma guerra mundial que envolva as principais potências do planeta. É preciso parar essa guerra insana, um cessar fogo imediato e incondicional. O DAP saúda a posição adotada pelo presidente Lula desde o início da conflito, negando-se a tomar partido no conflito e insistindo no cenário internacional no fim da guerra, resistindo a múltiplas pressões para que se alinha com os EUA e a OTAN. Ao mesmo tempo estamos conscientes que será a mobilização dos povos contra a guerra, em particular na Europa – à exemplo dos mais de 50 mil que se manifestaram nesse sentido na Alemanha há poucos meses -, é que acabará com um conflito que só interessa aos que lucram com ele desviando recursos bilionários dos investimentos sociais para a corrida armamentista: “Não à guerra, Nem OTAN, nem Putin”!

O que se passa na América Latina?

A América Latina, ainda que não seja o cenário das operações desta guerra, sofre, tal como a África e Ásia e outras regiões do planeta, as consequências nefastas da inflação mundial, da desorganização das trocas comerciais e carência de grãos e insumos provocados pelo conflito. O que aumenta ainda mais a instabilidade da situação econômica e social de uma região marcada pela desigualdade social aguda. Região que viu, no último período, a eleição de governo “progressistas” em vários países – México, Honduras, Chile, Colômbia e há seis meses no Brasil – expressando a resistência do povo trabalhador contra a dominação do imperialismo e das elites locais a ele associadas. O destino desses governos não está dado de antemão, ele dependerá da mobilização das forças populares que os levaram ao poder e de sua relação com o imperialismo estadunidense em particular. Assim, se na Colômbia o presidente Petro busca apoiar-se na mobilização de massas para superar obstáculos levantados por políticos conservadores e reacionários, no Chile o presidente Boric frustra as expectativas populares ao mesmo tempo que se alinha com os EUA e a OTAN no apoio ao governo fantoche de Zelensky na Ucrânia. Entre essas duas posições há posições intermediárias, é claro, mas elas indicam em grandes linhas os desafios colocados para os governos ditos “progressistas”.

Peru, o povo resiste contra o governo ilegítimo e pede uma Assembleia Constituinte Soberana

No vizinho Peru, onde há sete meses o presidente eleito Pedro Castillo sofreu um golpe parlamentar que o levou à prisão, o governo da vice Dina Boluarte, apoiado pela classe dominante local, autorizou a entrada de tropas dos EUA em seu território, uma agressão à soberania não só do Peru mas de toda a América Latina, presença esta que deve ser repudiada por todas as forças comprometidos com a democracia e a soberania nacional. A resistência do povo peruano nunca cessou e contra ela desencadeou-se brutal repressão que provocou mais de 70 mortes. No último 19 de julho essa resistência expressou-se numa grande marcha à capital Lima, com as exigências de “Fora Boluarte e o congresso, Assembleia Constituinte Soberana, Liberdade para todos os presos políticos”. O DAP afirma a sua estrita solidariedade com a luta do povo peruano contra um governo ilegítimo, golpista e repressor.

Defender o Haiti é defender a nós mesmos

Militantes do DAP estiveram presentes no relançamento do comitê “Defender o Haiti é defender a nós mesmos” no mês de março em São Paulo. O povo haitiano é vítima hoje da violência de gangues armadas a serviço de políticos e empresários locais, é vítima da conivência do próprio governo “de facto” e não eleito de Ariel Henry, que conta com o apoio dos EUA. Denunciar amplamente a situação na qual se encontra o povo irmão do Haiti, rompendo o muro de silêncio imposto pela mídia mundial, e agir no sentido de reforçar a solidariedade com a sua luta é o objetivo desse comitê.

Solidariedade ao povo Nicaraguense

Da mesma forma que o DAP está presente na solidariedade com veteranos lutadores sandinistas da Revolução Nicaraguense, que em 19 de julho completou 44 anos, que hoje são vítimas da violenta repressão da ditadura de Daniel Ortega e sua esposa Rosário Murillo. Na recente reunião do Foro de São Paulo no mês de junho em Brasília, uma carta desses companheiros e companheiras da Nicarágua foi apresentada pelos membros do DAP no DN PT aos demais membros de nosso partido presentes no evento. É preciso insistir no fato de que não há uma identidade entre Cuba, país onde houve uma revolução que expropriou a burguesia e que sofre o cerco do imperialismo há mais de 60 anos, a Venezuela, país que sofre sanções injustificadas por parte dos EUA que estão na base da deterioração das condições de vida de seu povo, e a Nicarágua, país que é membro do CAFTA – acordo de livre comércio da América Central – e que envia 60% de suas exportações aos EUA, sendo o casal presidencial dono da maior fortuna do país. Não há qualquer justificativa para fechar os olhos diante das medidas repressivas da ditadura Ortega não só contra antigos dirigentes da Frente Sandinista mas contra o próprio povo nicaraguense.

O ENDAP de 29 e 30 de julho deve renovar os seus compromissos internacionalistas e a colaboração no âmbito do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI), na luta por um mundo liberto de toda a forma de opressão e exploração, contra o imperialismo e a guerra que ele engendra.

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