Por um Haiti soberano e democrático!
Na quarta-feira, 7 de julho de 2021, por volta das duas horas da manhã, o presidente de facto do Haiti, Jovenel Moïse, conforme já publicamos aqui. Publicamos agora a posição do Movimento de Liberdade e Igualdade dos Haitianos pela Fraternidade (Moleghaf), que conclui com “somente um Haiti livre, soberano e democrático pode atender às demandas populares!”. Moleghaf é um movimento popular no Haiti aderente do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI), tal como o DAP.
Por um Haiti soberano e democrático!
Posição do Moleghaf sobre o assassinato de Jovenel Moïse
Na quarta-feira, 7 de julho de 2021, por volta das duas horas da manhã, o presidente de facto do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado por homens experientes e fortemente armados, em sua residência particular no bairro de Pélerin, na capital Porto Príncipe.
Esse assassinato é mais um cenário bem organizado e montado pelas mesmas máquinas de violência que o imperialismo lança sobre as massas oprimidas, a classe trabalhadora e os camponeses sem terra.
A chegada à presidência do indiciado Jovenel Moïse causou tantos danos que seria impossível não presenciarmos tal tragédia na história do Haiti. Já constatamos esse fato horrível.
Antes mesmo desse assassinato, os imperialistas (Core Group (1) e Binuh (2)), ombro a ombro com capitalistas financeiros nacionais e internacionais, utilizavam o PHTK-Partido Haitiano Tèt Kale (Cabeça Raspada, ao qual pertencia Jovenel) para garantir sua hegemonia econômica e política no Haiti.
Eles aterrorizam as massas populares e os camponeses e exploram os trabalhadores de todo o país. Eles trazem mercenários estrangeiros ao solo haitiano visando a seus fins políticos. Eles formam diuturnamente gangues em áreas metropolitanas e cidades do interior. A carnificina perpetrada por essas gangues em bairros operários impõe um doloroso terror na vida dos habitantes. No mais alto nível, as instituições do Estado são vandalizadas.
Portanto, o complô político interno para assassinar o presidente de facto, Jovenel Moïse, é consequência da ação dos cúmplices da burguesia do Haiti, bem como do imperialismo estadunidense e seus aliados.
Face a tal situação, o Moleghaf (Movimento de Liberdade e Igualdade dos Haitianos pela Fraternidade) mantém sua firme determinação de continuar denunciando todas as iniciativas de gangsterização do país por parte do imperialismo estadunidense, da burguesia do Haiti e de algumas instituições de Estado, em particular a Polícia Nacional do Haiti (PNH).
Moleghaf se opõe a todas as manobras que o Binuh realiza para tentar instalar artificialmente na Presidência da República o senhor Claude Joseph [primeiro-ministro demitido por Moïse um dia antes do assassinado – NdT]. Até porque a atual dirigente dessa instituição que denominam Binuh, a senhora La Lime, desde sempre foi contestada justamente por todos os conluios políticos reacionários que ela empreendeu com o poder local.
Moleghaf também rejeita categoricamente o acordo que levou à nomeação de Joseph Lambert como presidente provisório e Ariel Henry como primeiro-ministro.
O assassinato do investigado Jovenel Moïse é apenas fruto de divisões no seio dos capitalistas, dos membros e partidários do PHTK e do imperialismo estadunidense que, num certo momento, foram a base da construção do atual poder.
Os trabalhadores e as massas populares, que lutam pela democracia e pela soberania nacional, nada têm a ver com esse tipo de ação. Que os dirigentes do Estado haitiano, o partido PHTK e seus consortes assumam sua responsabilidade diante dessa profunda crise que há anos corrói nosso país.
Moleghaf apela à vigilância de toda a população, das organizações populares, dos sindicatos, dos progressistas, bem como dos militantes revolucionários para que não se deixem arrastar para as crises políticas fabricadas nos laboratórios do imperialismo estadunidense. Que o povo não se desvie de sua linha política e que suas reivindicações estejam sempre em harmonia com sua convicção.
Somente um Haiti livre, soberano e democrático pode atender às demandas populares!
Condenamos, portanto, a presença de qualquer primeiro-ministro de facto e denunciamos o estado de sítio.
- Fora Joseph Lambert! Fora Claude Joseph!
- Fora Ariel Henry! Fora senhora La Lime!
- Fora Binuh!
- Não ao imperialismo! Não à ocupação do país!
- Não ao projeto imperialista com ou sem Jovenel Moïse!
Que o povo continue sua luta pela democracia, soberania, pelo direito à autodeterminação, por uma transição de ruptura sem os apoios manipulados do imperialismo, por eleições livres, honestas e democráticas, nas quais os trabalhadores, a classe trabalhadora e o povo possam encontrar todo seu lugar!
Pelo Moleghaf:
David Oxygène, Secretário Geral
Domini Resain, Diretor de Mobilização
Jean Ronald Montas, Diretor de Arte e Cultura
(1) Core group: composto por representantes da ONU, Alemanha, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, União Europeia e OEA, é tutelado pelos EUA e exerce permanente ingerência na política do Haiti;
(2) Binuh: Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti.