Diálogo Petista 61
CONVOCADO O 5º ENCONTRO NACIONAL
PARA 24 E 25 DE NOVEMBRO
Reunida em São Paulo, na Assembleia Legislativa, com todos os seus integrantes – Edmilson Menezes (PE), Vera Lúcia (DF), Caçapava (RS), Adriano Diogo (SP), Julio Turra (SP) e Markus Sokol (SP) – exceto Antonio Battisti (SC), que não podendo comparecer, enviou uma contribuição, a Coordenação do Diálogo Petista discutiu a conjuntura nacional e a campanha eleitoral municipal e adotou, ao final, um texto – “Roteiro e Conclusões Sobre a Situação” – cuja principal decisão é a convocação do 5º Encontro Nacional, para 24-25 de novembro, na cidade de São Paulo.
O texto afirma que se há alguns meses os sinais que a crise capitalista chegaria ao Brasil estavam no ar, agora ninguém mais nega que ela já chegou: o emprego industrial já vem caindo há 3 meses, depois de 9 meses de queda da produção industrial. E, se Outra Política – que centralize o câmbio, acabe com o superávit fiscal primário, reduza os juros e reestatize o que foi privatizado – diferente da que vem sendo aplicada – desoneração fiscal e da folha de pagamento, privatizações – não for adotada pelo governo Dilma, o conjunto da economia brasileira tende a ser arrastada pela crise.
As alianças
Nessa situação, se anuncia a disputa eleitoral nos 5.566 municípios, marcada pela principal aliança, PT-PMDB, em mais de 1.000 cidades (o PT, subordinado, apoia 736 candidatos do PMDB, o qual só apoia 382 do PT), seguida da
segunda aliança, do mesmo PMDB com PSDB, em 900 cidades. PT e PSB, apesar dos recentes estremecimentos (BH, Recife) estão coligados em 700 cidades.
E, para completar, além do PP de Maluf em SP, por exemplo, o PT e o PSDB estão coligados em 300 cidades. Ainda assim, o PT é o partido que apresenta mais chapas puras (320 cidades) às próximas eleições.
Este cenário integra as consequências da política saída do 4º Congresso do PT, que alguns saudaram como “democratizador” mas, que, na verdade, facilitou o “caciquismo” na cúpula do PT, outro efeito desagregador da atual “política de alianças” que amputa eleitoralmente e ameaça alijar o partido, ao mesmo tempo em que produz revolta e sangria em sua base, que o Diálogo Petista discute como combater, reunindo a resistência para dar um sentido à indignação que se manifesta no PT.
Preparar o encontro nacional
Nesse momento, em que mais os trabalhadores precisam do seu partido para afirmar de forma independente as suas necessidades, tanto no terreno da luta direta, como no terreno eleitoral pelo voto PT, muitos petistas se perguntam: O que vai acontecer no Brasil com a chegada da crise? Como o PT vai sair destas eleições? Os prefeitos do PT, assim eleitos, vão mesmo aplicar o Piso Salarial dos Professores ou Reverter as OS’s? Que futuro aguarda o povo trabalhador brasileiro?
Para ajudar a responder a essas, e a outras perguntas, está sendo convocado o 5º Encontro Nacional do Diálogo Petista. Um Encontro ampliado na participação, através das reuniões locais do Diálogo do Petista, associando os aderentes à Declaração dos Candidatos a Vereador e também na preparação, através de textos, como o “Roteiro e Conclusões Sobre a Situação”. Adotado pela Coordenação, o texto é uma contribuição para alimentar a discussão que prossegue na Página do Diálogo Petista, no período de preparação do encontro nacional.
Comissão da Verdade
Contribuição de Adriano Diogo à discussão no Diálogo Petista
A Comissão da Verdade, embora não tenha o poder de judicializar os graves fatos ocorridos no período do regime militar, aponta o caminho que considero o correto para a revisão da Lei da Anistia.
A Comissão da Verdade tem como principal objetivo levantar as graves violações de direitos humanos, mas também impedir que fatos gravíssimos que ocorrem no Brasil contemporâneo continuem a ocorrer. Pois fatos inadmissíveis seguem acontecendo, como a chamada “resistência seguida de morte”, forma como são registrados nos boletins de ocorrência os assassinatos de jovens da periferia. Ou seja, quando uma pessoa é abordada e, supostamente, oferece qualquer resistência, não há outro argumento a ser usado pelo aparato de Estado a não ser a eliminação, como se fosse a própria defesa do Estado.
Hoje, no Brasil, empresas particulares que aparentemente só fazem a guarda patrimonial, realizam, também, serviços de gravação, delação e investigação. A esquerda continua no topo da lista das investigações. Principalmente em Brasília, existe uma indústria de gente ligada a esse setor de investigação.
Existe, ainda, o problema da doutrina militar, da influência estadunidense e da enorme cadeia de informações, de serviços secretos, embaixadas de outros países que fazem levantamento sistemático e, às vezes, fazem trabalho de informação dentro do território nacional.
É espantoso o número de assassinatos no campo, a violência no campo, o comércio internacional de armas sem qualquer controle.
Podemos afirmar, sem medo de errar, que existe um estado paralelo (não podemos chamar necessariamente de Estado Militar), mas um estado policial, um estado privado, um estado paralelo de informações e de circulação de armas muito perigoso.
Nos EUA, existe uma miríade de organizações militares e paramilitares em relação ao México, com estados com legislação própria, inclusive em relação à presença de estrangeiros.
Acreditamos firmemente que grandes estruturas de investigação de monitoramento, de perseguição ao regime continuam intactas, ou,&
nbsp; pelo menos, as suas doutrinas.
Núcleos duros continuam ativos Houve o fim da ditadura, houve a fase de redemocratização dos países, mas a redemocratização dessas estruturas não ocorreu. Existem núcleos duros que continuam ativos, núcleos que foram transferidos e núcleos que em alguns estados estão mais ativos do que nunca.
A Comissão da Verdade representa um passo importante na unificação de forças, pois a questão dos Direitos Humanos hoje, no Brasil, embora tenha avançado muito, ainda é vista com a pecha do tempo do regime militar: a de que os Direitos Humanos são a defesa de bandidos. Além disso, existem setores da sociedade que não se conformam com a inexistência da pena de morte no território nacional e apregoam o rebaixamento da idade penal.
Existe, ainda, a mídia que articula abertamente, advogando as causas desses setores mais recrudescidos.
É com esse intuito que a Comissão da Verdade aparece e começa a se instalar nos estados, em vários municípios e em universidades no combate a essas verdadeiras organizações criminosas!