Diálogo Petista 20
PRESENÇA NAS LUTAS E NOS ENCONTROS
Engajados na vitória da candidata do PT, Dilma, contra a volta da direita privatista, os membros do Diálogo Petista participam das lutas populares – abaixo uma reflexão sobre o “Abril Vermelho” – e batalham nos encontros estaduais do PT pelas reivindicações dos trabalhadores. Mas também combatem aquelas “alianças” que levam a dissolver as nossas bandeiras, e ameaçam até dissolver o partido – nesta edição, dois exemplos em São Paulo e Rio Grande do Sul.
De fato, há muita coisa que a fazer, corrigir, reverter e preservar.
Afinal, como é possível avançar com um governador contrário ao novo marco regulatório para o petróleo, como Cabral (PMDB-RJ)? Ou com um governador que reduz o salário nominal dos servidores, como Eduardo Campos (PSB-PE), e ainda tenta anular a crítica unânime do encontro estadual do PT (condenado por quase todas correntes)?
São problemas urgentes colocados para todos petistas. Afinal, Dilma é a única que pode encabeçar um governo de mudança de verdade, com aliados, sim, mas aliados comprometidos com as aspirações de soberania e justiça social do povo brasileiro.
No “Abril vermelho”
As manifestações dos movimentos, em especial MST, na luta pela reforma agrária e a melhoria das condições de vida de milhares de famílias assentadas, nos mais de 8 mil projetos sob jurisdição do INCRA em todo o país, ganham expressão no intitulado “abril vermelho”.
Símbolo da perseverança de um povo que há mais de cinco séculos briga pelo sagrado direito à terra para produzir e viver com dignidade, o “abril vermelho”, instituído após a chacina de Eldorado de Carajás (17 de abril de 1997), é um ato de protesto, reivindicação e louvor à vida, que sucumbe às injustiças, mas rebrota como a relva da queimada, a suscitar esperanças no poder de transformação das lutas.
Sua repetição, a cada ano, soa como música de uma nota só ante os ouvidos moucos dos que governam, e que, mesmo admitindo a pertinência de suas demandas e o seu alcance social, o atendimento não vai além do exercício de um ofício delimitado, não pelas obrigações republicanas, mas pelas restrições de um Estado capitalista, sob o controle de forças conservadoras e contrárias às reformas estruturais determinadas pela realidade das severas contradições sociais.
A reforma agrária reclamada passa a se cingir a intervenções pontuais, nada alterando a extremada concentração da propriedade, não atendendo, sequer, às milhares de famílias acampadas. Enquanto, por seu turno, os recursos financeiros e humanos disponibilizados longe ficam de assegurar a universalização das ações necessárias ao desenvolvimento dos assentamentos criados.
É diante deste dualismo arrebatador, de um Estado republicano submisso aos interesses de um mercado excludente, controlado por uma elite tão tacanha quanto atrasada, que a reforma agrária e seus instrumentos de execução, como o INCRA e a desapropriação por interesse social, subsistem graças ao clamor de movimentos como o MST.
José Parente
Presidente da Confederação das Associações de funcionários do INCRA
Rio Grande do Sul - Reorganizando o partido
Construtores do PT, os militantes do Diálogo começam a encontrar situações onde a questão colocada é de reconstruir diretórios desmantelados pela política da direção.
SANTA CRUZ
Santa Cruz é uma pequena cidade a 150 km de Porto Alegre, baseada na indústria do fumo, com uma universidade importante (Unisc).
O convite para a reunião do Diálogo partiu do membro de uma chapa ao PED na cidade, chamada PT das Origens, que fez 80 votos centrando a campanha na defesa da água.
A prefeitura, PTB/PT, está fazendo a privatização do saneamento e da água. Numa situação muito difícil, os companheiros – alguns que foram ligados a grupos que saíram do PT – queriam discutir conosco qual o sentido de lutar dentro do PT. Na discussão surgiu a questão de continuar a própria luta pela questão da água. Eles haviam iniciado e abandonado por falta de impulsão.
Nova conversa, desta vez com servidores da Corsan (empresa estadual da água) ficou agendada, para retomar a iniciativa.
Marcelo
NOVA PETRÓPOLIS
Nova Petrópolis é uma típica pequena cidade da serra gaúcha, de economia diversificada, onde predomina o minifúndio, mas há também indústrias de calçado e empresas têxteis.
Por iniciativa de companheiros do Diálogo Petista, nesse dia 26, reuniram-se na cidade oito militantes locais dispostos a reorganizar o partido.
No decorrer da discussão foi ficando claro que a pressão permanente para fazer alianças eleitorais dos mais variados tipos no último período fez com que o partido abandonasse sua base social histórica, e se voltasse para diferentes desses acordos.
O resultado foi criar um fosso entre o partido e os movimentos sociais. A coisa chegou ao ponto de o PT se envolver numa aliança com PSDB local!
A conclusão da reunião é realizar em maio uma plenária para reorganizar o PT, discutindo a situação política, as eleições e as lutas sociais.
Foi decidido procurar quatro sindicatos da cidade onde há dirigentes cutistas, além de militantes de associações de bairro, para debater a reorganização à luz das demandas sociais da cidade.
Laércio
São Paulo - Organizando contra as OS’s
Depois do Encontro Estadual do dia 24 de abril, realizou-se uma reunião do Diálogo, com mais de 20 delegados da Capital, Ribeirão Preto, Diadema e Baixada Santista.
Uma discussão intensa, mas limitada pelo abrupto abreviamento do Encontro (vários voltaram antes às cidades).
Questionando um Encontro destes, onde a base praticamente não teve a palavra, a reunião avaliou obstáculos e progressos em algumas causas do DP.
Na questão do Haiti, decidiu-se apoiar o ato da Jornada Internacional de Solidariedade em 31 de maio, no Escritório da Presidência da República na avenida Paulista. Sonia Santos (MNU), integrante do comitê “Defender o Haiti é defender a nós mesmos”, propôs um dossiê Haiti para ser entregue no Encontro de Negros e Negras do PT com Dilma Rousseff, e organizar uma reunião do Dialogo no congresso de mulheres negras do MNU.
Sobre as OS’s, depois do relato da situação dramática, por Raquel do Fórum de Saúde do Campo Limpo e Cícero do Movimento de Saúde de Parelheiros, e com a presença da vereadora Juliana Cardoso, foi discutida a campanha pela Revogação da Lei das OS’s que o governador Serra implantou em quase todos os hospitais, e já avança em áreas da Cultura e da Ciência e Tecnologia. O Encontro do PT havia recusado a revogação das OS’s – proposta pelo deputado Adriano Diogo presente no Diálogo –, pois várias prefeituras petistas praticam as OS’s.
Decidiu-se organizar um dossiê sobre o efeito das OSs na capital e uma reunião de sindicatos e entidades para organizar uma delegação a Lula, em Brasília, pela revogação das OS’s.
Na reunião foi apresentada, por Julio Turra, a proposta da Conferência Mundial Aberta contra a guerra
e a exploração (Argélia, Novembro de 2010) e a campanha de arrecadação para garantir o envio de uma delegação brasileira.
Uma nova reunião estadual do Diálogo foi proposta por Misa Boito, e agendada para a convenção oficial estadual que deve realizar-se em 26 de junho.
Barbara Corrales