Sem demarcação das terras, sem reforma agrária e com o marco temporal, os povos indígenas viram alvos fáceis de fazendeiros armados

O assassinato de indígenas, quilombolas e do povo preto não são fatos isolados. Compõe um projeto de sociedade que tem em suas raízes séculos de usurpação da terra, exploração do trabalho de pessoas escravizadas, negação de políticas públicas, negação de direitos e, concentração de riquezas.

A denúncia da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) nos apresenta a causa do conflito, do assassinato da professora indígena Maria de Fatima Muniz de Andrade a Nega Pataxó, irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, do povo indígena Pataxó-Hã-Hã-Hã, ocorrida dia 21/01/2024 .

O que ocorreu na Bahia diz respeito a questão da usurpação das terras indígenas e tem no cento do conflito os fazendeiros aramados e, com fortes indícios de respaldados pela polícia militar. Latifundiários, fazendeiros inescrupulosos são os sujeitos responsáveis pelo que aconteceu no território Caramuru no município de Portiraguá, no extremo sul da Bahia.

Exigimos das autoridades constituídas, em especial do Governador Jerônimo, a imediata apuração de mais este crime hediondo.  Mas averiguar, julgar e punir os assassinos e seus mandantes é insuficiente. É necessário a demarcação das terras indígenas. A aprovação do Marco Temporal pelo parlamento brasileiro acentua e incentiva os atos de violência contra as pessoas indígenas. Urge a Reforma Agrária que garanta a propriedade da terra aos povos originários, aos povos indígenas, quilombos, aos trabalhadores SEM TERRA. Com os latifundiários, fazendeiros e seus vassalos implementado por conta própria a dita política de “ocupação zero” teremos o avanço da barbárie.

O ocorrido se soma a inúmeras usurpações e conflitos em que são assassinadas pessoas indígenas, quilombolas e pretas, em que são roubados os bens da natureza. A gravidade dos fatos que se repetem exige, por parte da classe trabalhadora e suas organizações, mobilização e muita luta para fazer valer a demarcação das terras indígenas e quilombolas, fazer valer direitos e conquistas para a preservação do meio ambiente e, a vida digna dos que historicamente ocuparam e ocupam os territórios indígenas.

Celi Taffarel, professora da UFBA

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