PT AL de volta ao governo Renan Filho? Não!

Não à  volta da aliança com o PMDB!

Uma desastrosa decisão, por uma diferença de dois votos a Executiva Estadual,  que reabre uma polêmica no estado –  um assunto que devia estar resolvido depois que em 2016, com o golpe, finalmente o PT decidiu sair do governo de Renan Filho (PMDB).
No último dia 31, por nove votos contra sete a Executiva Estadual decidiu “autorizar imediatamente as negociações para o retorno ao governo de Renan Filho”. Essa tentativa de acordo com Renan Calheiros pai (senador PMDB) vinha sendo costurada há alguns meses, como filtrou a imprensa local, sem discussão com a militância.
Na Executiva, o Construindo um Novo Brasil do deputado federal Paulão ficou isolado, já que os membros do Diálogo e Ação Petista, Democracia Socialista, Esquerda Popular e Socialista e Articulação de Esquerda, votaram contra. Um dirigente da CNB explicou que era para “negociar o apoio às nossas candidaturas”. O que seria a volta das “negociatas” com partidos adversários em troca de “apoios” desmoralizantes.
A decisão da Executiva Estadual fere a resolução aprovada no 6º Congresso Nacional, em junho deste ano, que decidiu por uma “política de alianças apenas com setores anti-imperialistas, antimonopolistas, antilatifundiários e radicalmente democráticos”.
Para Luiz Gomes, sindicalista docente e membro da Executiva pelo DAP, “os Renan, pai e filho, não se encaixam em nenhum dos termos dessa resolução. Além do que, apoiaram o ‘radicalmente’ o antidemocrático golpe do impeachment!”.
A Executiva também extrapola a sua competência, pois o Estatuto do PT estabelece que uma decisão dessa importância deveria ser discutida pelo Diretório Estadual.

Risco de afastar o PT de sua base social

A discussão na Executiva iniciou-se no dia 24/10. Diante da proposta do PT voltar ao governo de Renan, o Diálogo e Ação Petista lançou um manifesto que, em menos de uma semana, recolheu mais de 100 assinaturas, de militantes de Maceió e do interior, contrários a volta do PT ao governo do PMDB. Encabeçado pela presidente e vice-presidente da CUT-AL, membros da Executiva e do diretório estadual do PT, com a adesão de militantes de todas as forças, principalmente sindicalistas da CNB, o manifesto exige o direito democrático de a base ser ouvida num encontro extraordinário do PT de Alagoas. O documento diz ainda que “as atitudes concretas do governo Renan Filho contra a base social que o PT pretende representar, o desmonte dos serviços públicos e da Casal (empresa estadual de água e saneamento), o genocídio contra a juventude da periferia, só trarão prejuízo ao processo de reconstrução do nosso partido e o afastarão de suas bases sociais”.
O presidente do PT-AL, Ricardo Barbosa, argumenta com o “afastamento de importantes lideranças do governo de Temer e dos golpistas. O senador Renan fez um movimento nesse sentido, o que abriu a possibilidade da reaproximação”. A decisão, segundo ele, teria sido precedida de uma reunião com o ex-presidente Lula, onde “ele sinalizou que via com simpatia a ideia” (FSP, 31/10).
Lula pode falar pela própria boca. A coalizão golpista está mesmo em crise. Se há golpistas arrependidos e, entre eles, até quem defenda o direito de candidatura de Lula, melhor. Mas recompor “aliança” para governar com Renan é outra coisa. É começar a retomar as mesmas alianças escusas que sujaram e paralisaram a iniciativa social do PT nos governos Lula e Dilma, facilitando depois o impeachment. A imprensa já especula a respeito de alianças com setores do PMDB deste mesmo tipo antipopular, no Ceará, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e na Paraíba.
Agora que o PT volta a encarnar a esperança de milhões de brasileiros nas pesquisas, ainda mais no Nordeste com a caravana de Lula, em que ajuda esse passo atrás em Alagoas, um ano após o PT ter saído do governo de Renan Filho?  Seria um desastre.
Agora, a luta prossegue por uma reunião de urgência do Diretório Estadual, para convocar um encontro extraordinário onde a base seja ouvida.

Correspondente

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