Diálogo Petista 24 – 16 de julho 2010
“SEM CHAMAR VOTO E NEM SUBIR NO PALANQUE DE ROSEANE”
Entrevista com Raimundo Dutra, membro da Executiva do PT do Maranhão
Ouvimos para esta página do “Diálogo Petista” o dirigente do PT maranhense, que mostra que o apoio à gangue de Sarney não terá respaldo na militância.
Diálogo Petista: O que vocês decidiram fazer em relação ao “acordo” com a Direção Nacional do PT?
Raimundo Dutra: O “acordo” de liberar os militantes para fazer campanha para quem quiserem mostra como ficou complicada a situação. A maioria dos candidatos a deputado estadual e federal fará campanha para o Dino enquanto alguns candidatos a federal aparecerão em chapas com a trupe de Sarney. Essa divisão é um precedente perigoso para a democracia interna do PT.
Deveríamos todos sair na chapa com Dino como decidiu o Encontro do Maranhão. A oligarquia Sarney só levou a sigla e o tempo do partido. A maioria dos candidatos a deputado do PT aparecerá no programa de TV do Dino. A militância que tem representatividade no campo e na cidade está com ele. Os movimentos sociais decidiram que deveríamos manter as candidaturas, sem chamar voto e nem subir no palanque com Roseane, em particular a candidatura do companheiro Domingos Dutra para não ficarmos sem a representação da principal expressão de oposição a oligarquia Sarney.
DP: Como está a campanha do Dino (PCdoB), qual sua expectativa?
Dutra: A campanha está muito boa. Há grande rejeição à família Sarney e também à Jackson Lago (PDT), embora nos pesquisas apareçam em primeiro e segundo lugar. Dino deve crescer. O prefeito de Caxias (PDT) decidiu apoiá-lo. Não faz sentido o CNB forçar o PT a coligar com Sarney. Teríamos os votos para Dilma sem essa coligação. Quando o Lula disputou com Alckmin, a oligarquia Sarney não moveu uma palha para chamar voto ao Lula.
Adesivo da campanha do PT maranhense
Nas cidades do interior onde Sarney tem influência ganhou Alckmin. Onde há rejeição a Sarney, como em São Luiz, Imperatriz e Caxias, deu Lula, sendo que na capital com 80% dos votos. O fundamental é manter unido o PT anti-Sarney. Parte do CNB não vai colocar Roseane no seu material e já divulgou manifesto em favor de Dino.
DP: Como você viu a campanha impulsionada pelo Diálogo Petista?
Dutra: Foi muito produtiva, contribuiu bastante. Deveríamos incentivar companheiros nos outros estados a fazer um levantamento dos problemas existentes em relação à democracia interna no partido.
Hoje é diferente de quando os camponeses e operários tinham voz e vez no partido. Ou o militante está em alguma corrente ou é voz no deserto. O PED no Maranhão serviu para levar delegados para apoiar Sarney. As lideranças dos movimentos ficaram de fora.
O Diálogo Petista é um fórum onde pode participar militantes de todas as correntes. Os Encontros do Fórum deveriam acontecer mais vezes.
DP: O que você achou da proposta da Conferencia de Argel?
Dutra: É fundamental que a Conferência aconteça. Os governos procuram vender uma imagem de democracia quando dentro de cada país não é bem assim. No Brasil mesmo não podemos falar em democracia enquanto a reforma agrária, por exemplo, não for feita prá valer.
Diálogo Petista faz reuniões locais
Reunião em Lagoa de Itaenga (PE)
Realizada em 11 de julho em Lagoa de Itaenga (PE), a Reunião de Volta do Diálogo Petista teve 10 presentes, entre eles os membros da Executiva municipal Ronaldo Santos, que no ultimo PED encabeçou a chapa Terra Trabalho e Soberania e Independência ao diretório municipal, e Gilmar Dias, representante da tendência MAIS (Movimento Alternativo Independente Socialista).
Com todos de acordo com a Declaração “Voto PT, o único caminho!” adotada na Reunião Nacional do Diálogo Petista de 13 de junho, passou-se à discussão do que fazer para que seja respeitada pelos membros do diretório municipal (do CNB) a decisão de romper a aliança com o PSDB, entregando o cargo de secretário e demais postos de confiança que o PT ocupava na prefeitura tucana.
A conclusão foi convocar uma reunião do diretório para acionar a instalação da Comissão de Ética contra esses dirigentes que se recusam a acatar a decisão tomada pelo diretório e, com base no seu parecer, adotar as medidas cabíveis. Ficou decidido também iniciar uma campanha pela base, através de um abaixo-assinado de filiados ao PT, exigindo desses dirigentes o respeito à decisão da instância partidária.
Reunião em São Paulo
Realizada após a convenção oficial do PT-SP em 26 de junho, a reunião contou com 11 presentes da capital (os do interior não participaram devido à saída dos seus ônibus).
Misa Boito, da executiva do PT-SP e candidata a deputada federal, abriu a discussão lembrando que há um ano e meio o Diálogo Petista se organiza como espaço para levar lutas como pela retirada das tropas do Haiti, contra as OS’s e pelo petróleo 100% estatal, além de apoiar a Conferência Mundial Aberta de Argel no final desse ano. Ela destacou ainda que a convenção do PT-SP, coligado com partidos que os militantes petistas combatem no dia a dia, é um recado que “querem domar o PT”, como se tentou fazer no Maranhão.
Na discussão, uma companheira se mostrou preocupada com essas coligações, perguntando “fazer campanha para outro partido?”… quero dar respostas, afirmou. Outra companheira disse que é complicado fazer campanha para “nossos inimigos” e por isso estava de acordo com a declaração do Diálogo Petista ”Voto PT é o único caminho”.
Markus Sokol, do Diretório nacional do PT, constatou que o partido só tem candidatos a governador em 11 estados. “Não sei se o PT vai voltar a ter a cara que tinha, mas nós não podemos perder a cara”. Sobre a luta contra as Organizações Sociais (OS’s), mesmo que conste do programa do PT “regulação, transparência e controle das OS’s”, todos os presentes reafirmaram a disposição de continuar a campanha para acabar com elas, convocando uma reunião ampla de petistas, após a entrega em Brasília do dossiê, para discutir sua entrega também a Mercadante, candidato petista ao governo do estado.
Reunião em João Pessoa (PB)
A reunião na capital da Paraíba foi em 3 de julho, reunindo 10 militantes com a presença de Edmílson Menezes do PT pernambucano. A exceção de um companheiro, que disse que temos que “engolir o sapo do PMDB” para garantir a eleição de Dilma, os demais expressaram seu acordo com a Declaração “Voto PT, o único caminho!”.
Ao final foi decidido encaminhar uma campanha local pela desoneração dos impostos nas taxas de energia elétrica (PIS e COFINS), em cumprimento da lei 10.438/02. Uma nova reunião em 6 de julho decidiu provocar o Ministério Público da Paraíba para fazer cumprir essa lei.