Que “Abin paralela” que nada, é a Abin!
Na última semana, veio à tona a notícia na qual a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) vinha fazendo espionagem ilegal em favor da família Bolsonaro, contra juízes, parlamentares, jornalistas, lideranças sociais e de ONGs. Em operação realizada no último dia 25 de janeiro, a PF apreendeu computadores, celulares e pen-drives em endereços do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da agência no governo Bolsonaro. Dentre os aparelhos apreendidos estavam computadores e celulares da própria Abin.
Já hoje (29/1), a PF realizou mandatos de busca nos endereços do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, suspeito de receber informações privilegiadas da Abin durante a gestão de Ramagem. Ainda como desdobramento desta operação, a PF apreendeu na casa do militar do exército, Giancarlo Gomes Rodrigues, um computador e um token da Abin. O militar trabalhou com Ramagem na agência e esteve vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), durante o governo de Michel Temer.
As investigações da PF mostram o alto grau de aparelhamento da Abin durante o governo Bolsonaro e seus generais. Uma chave da espionagem era a empresa israelense Cognyte. Mas o maior cliente da Cognyte no Brasil é o Exército!
Segundo as investigações, os espiões utilizaram uma ferramenta desenvolvida por esta empresa israelense que violava o sistema de telefonia e rastreava os celulares dos alvos e chegou a reunir informações de mais de 30 mil pessoas.
É o que relata Milton Alves em seu site (https://miltoncompolitica.wordpress.com/2024/01/28/a-abin-e-um-caso-de-policia/).
A podridão tomou conta
O aparelhamento da Abin demonstra o alto grau de podridão das instituições brasileiras. A agência não foi a primeira nem será a última instituição do Estado utilizada para atacar os direitos e garantias democráticas. Basta lembrar da operação da PRF que tentou impedir os eleitores do Nordeste de irem votar em Lula, do escárnio jurídico sob tutela militar que bancou a prisão de Lula, além do golpe contra Dilma.
Numa democracia, a Abin seria dissolvida – os criminosos seriam julgados e punidos com o devido processo legal – e ela seria substituída por uma outra estrutura, totalmente civil, submetida à Presidência da República e comprometida com a soberania nacional e o respeito dos direitos democráticos.
Se até agora, nenhum general estrelado foi punido pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, a pergunta que vem é: quem pode tomar esta decisão de dissolver a Abin?
Lula deveria estar à cabeça da refundação desta e de outras instituições no bojo de um processo constituinte, sobre o qual é preciso fazer a discussão na sociedade.
Paulo Henrique, DAP Alagoas
Pleno acordo