Por que somos contra a federação com o PSB?
Markus Sokol, da Executiva Nacional do PT, escreve prestando contas da discussão na reunião de 22/novembro, colocando questões suas e de outros companheir@s. Sokol conclui que “Mas o PT tem suas instâncias, suas bases, seu próprio ritmo. O partido deve ser consultado e suas bases ouvidas antes que se tome qualquer decisão!”. Vale a pena a leitura para subsidiar a discussão nos diretórios do PT.
Federação do PT com PSB, PCdoB, PV e outros?
Por Markus Sokol
Primeiro ponto da Comissão Executiva Nacional dia 22 de novembro, reunida após quase três meses, o tema da federação partidária tinha sido discutido na bancada federal. Para a Executiva era uma novidade, mas entrou na pauta com patrocinadores na cúpula do partido. Não é a federação do PCdoB com o PSB para salvá-lo da degola da cláusula de barreira, e acomodar outros partidos nanicos. Não. É uma proposta de federação do presidente do PSB, Carlos Siqueira, ao PT, mais PCdoB, PV e outros (o PSOL não topa, o PDT hesita) para as próximas eleições. E o PT? Para os entusiastas na Executiva, a federação, que vincula desde os senadores até os vereadores dos partidos membros por quatro anos, é só alegria, é a “governabilidade de Lula presidente”. Uma “conquista da oposição comandada pelo PT”. Ainda mais, é “a realização da frente de esquerda”. Um exemplo “inspirado na Frente Ampla uruguaia e na Concertación chilena”. Eles foram questionados numa discussão com vários ângulos. Alguns questionaram o efeito dos coeficientes na distribuição das sobras de cadeiras parlamentares, ou o impacto em Estados onde a relação de forças poderia trazer surpresas desagradáveis, ou quais seriam os mecanismos de deliberação interna da federação, e assim por diante. Outros disseram que “não é a federação que vai eleger Lula, é a desgraça do Bolsonaro”, e que “o Brasil não é o Uruguai”. Apontaram que “é preciso, antes, levar a discussão aos Estados”. Ou, ainda mais, que é “temerário, uma aventura fazer isso até fevereiro”, arriscamos “uma ditadura do TSE, eu não entraria no barco da regulamentação”.
Como representante do Diálogo e Ação Petista na Executiva, pedi uma avaliação mais ampla da conjuntura para discutir a questão Lula-Federação, e levantei uma preliminar:
“que história é essa do TSE regulamentar tudo que é assunto do Congresso Nacional? É o Congresso, não o Tribunal, o depositário da soberania popular. E isso é uma reforma política: no dia seguinte, em todas as Câmaras Municipais os vereadores dos partidos da federação serão forçados a se agrupar. No caso, com o PSB dominado em vários Estados por direitistas e bolsonaristas. O presidente do TSE, Barroso, está extrapolando. O sistema político precisa sim ser reformado, mas por uma Constituinte Soberana após consulta ao povo, e não pelos ministros da corte com seus assessores ‘consultando’ a cúpula do PT. Outra coisa, a Concertación acabou em quinto lugar nas eleições chilenas, vamos refletir aonde vamos”.
Afinal, com programa, direção e estrutura, a federação incide no partido, ninguém sai igual depois de quatro anos, se é que sai. Vamos construir o que de “novo” com o PSB e o PCdoB? Uma frente é necessária, de caráter anti-imperialista, mais ampla que a “esquerda”, aliás, mas com um programa anti-imperialista, não juntando qualquer um rotulado de “esquerda’’.
A Executiva volta a discutir a questão dia 10 e o Diretório Nacional no dia 16. Roberto Barroso, do TSE, quer regulamentar questões complexas por meio de “resolução”, a ser proposta em fevereiro para adoção no TSE em março, prazo máximo. Seus assessores deram ao PT prazo até 29 de novembro para “sugestões” para fechar a proposta este ano, antes das merecidas férias forenses. Mas o PT tem suas instâncias, suas bases, seu próprio ritmo. O partido deve ser consultado e suas bases ouvidas antes que se tome qualquer decisão!
30 de novembro de 2021
O Diálogo e Ação Petista está impulsionando a campanha “NÃO À FEDERAÇÃO COM O PSB” . Leia o texto neste link e envie uma moção para a Presidenta Gleisi Hoffmann
A burguesia não tem ódio tem astúcia…quer refundar o PT com federação de partidos.
Não a federação com o PSB!