Plenária nacional do DAP: a discussão com os participantes
Publicamos agora as intervenções fechando a mesa de abertura da plenária virtual nacional do DAP deste sábado (13): os principais trechos da intervenção de Markus Sokol, da Executiva Nacional do PT; de Hélio Barreto, da Juventude Revolução do PT, além de algumas falas dos participantes.
Markus Sokol
Sokol iniciou com um comentário sobre a situação das manifestações antirracistas nos Estados Unidos: “Não sou a pessoa mais indicada pra falar isso, mas queria lembrar que nos Estados Unidos os negros são minoria. No Brasil são maioria. O assassinato do Floyd, agora, eu queria lembra da dinâmica do Malcolm-X. Ele formulou que ‘racismo e capitalismo são duas faces da mesma moeda’. Tem ocorrido derrubada de estátuas pelo mundo. Podem esperar os nossos escravistas, as estátuas dos nossos ‘Duques de Caxias’, que a hora delas vai chegar!”
Virada na situação
Sokol ainda falou a virada na situação política no Brasil: “Sobre a questão da conjuntura imediata no Brasil, a Gleisi já destacou. Me chamou atenção uma mobilização em Sarandi, no interior do Brasil: um movimento de negros ocupando uma praça; sei também que teve mobilizações por hospital em São Paulo. Tudo isso não vai dar no Jornal Nacional, não vai dar capa de jornal, mas senão é o motor, é uma engrenagem desse movimento que está em curso. Quero dizer: mudou a situação de 3 meses (de pandemia – NDR) pra cá. Os fascistas saíram das ruas, por enquanto. Que continue acuando o bolsonarismo e a coalizão que ainda o sustenta. O patronato não se envolveu, pois pra eles , a melhor saída é 2022”.
Crise institucional e saída
Sobre a questão dos manifestos, da saída da crise institucional e sobre as forças armadas, ele comentou: “tem muita razão o Lula, que há duas semanas atrás, disse ‘não vamos subir no primeiro ônibus que passa’. Sobre diretas, a Gleisi explicou sobre uma nova eleição pra presidente: sim, apoiamos o impeachment, novas eleições, mas queremos discutir uma saída pro povo. Queremos uma Assembléia Nacional Constituinte, soberana! Não manter o congresso, eleito pelas mesmas ‘fake news’ que elegeu Bolsonaro!
Porque uma constituinte
“Reforma do judiciário. Lula segue sem os direitos políticos. Ele não poderia disputar a eleição, se antecipada, ainda menos, além do que ainda temos um conjunto de medidas que precisam ser anuladas, por isso precisamos de uma Assembléia Nacional Constituinte”, diz Sokol. Ele prossegue, indagando: “Quem tem poder pra anular as PECs e decretos do Temer e do Bolsonaro? Quem tem poder pra expandir a saúde? Esse poder que a gente precisa engendrar. Não vamos decretar, não temos uma varinha mágica, mas temos que discutir, alimentados pela experiência do Chile, e outras, do próprio povo brasileiro.”
A CUT tá com a “roda travada”
Sokol falou da importância do DAP se envolver nas candidaturas do PT “pra valer”, e retomou a discussão da situação política: “A CUT tá com a ‘roda travada’. A proteção social não é contraditória com as manifestações. O PIT-CNT no Uruguai organizou uma manifestação com espaçamento. O DAP tem um papel. Defendemos que o PT deve agir como o PT agia: botar o carvão na caldeira. Não estamos numa situação normal, e mesmo dentro da anormalidade a situação já mudou. É possível que a gente passe a acuar Bolsonaro. E pouco a pouco ajudamos os trabalhadores a dar um passo que pode ser dado”.
“A gente tá saindo pra rua porque tão matando a gente em casa”
Hélio Barreto, da Juventude Revolução do PT, convidado para falar na abertura, destacou a virada na situação de pandemia: “A situação está mudando. Fiquei impressionado, muitos não acreditavam que a situação poderia mudar tão cedo. Fotos das manifestações tem muito jovem, pois os jovens não tem perspectiva de futuro. A gente tá saindo pra rua porque tão matando a gente em casa”.
A situação da juventude
Hélio ainda apresentou a situação da juventude: “Os jovens já não tem renda. Os estudantes são obrigados, empurrados para um EaD, substituindo o ensino presencial. Nem adiar o ENEM o governo quer, nessa disputa que já é desleal para as vagas na universidade. Hoje fizemos um ato com a turma do DCE da UNB (Universidade de Brasília – NDR) contra a MP 979, e em seguida o Senado Federal mandou devolver a MP. Não são milhões nas ruas, mas já é alguma coisa. Pra engrossar esse caldo, a luta pelo fim desse governo, o primeiro passo a ser dado é tirar o Bolsonaro da frente e daí continuar pra tirar todo o governo.”
Eleições municipais
Hélio ainda falou sobre a juventude procurando o PT para as eleições municipais: “Pra termos futuro digno, o debate passa pelas eleições municipais. Tem candidatura, tem jovens nos procurando, pois sentem a necessidade de defender e ampliar os serviços públicos, pois o que existe já não é suficiente. Tem muito jovem se engajando”.
Minas Gerais
Gilson Lírio, de Minas Gerais, membro do comitê nacional do DAP cravou a expressão depois retomada por Greenhalgh: “As ‘lives’ do DAP foram uma injeção de ânimo. Falar com a Luísa hoje é uma nova injeção de ânimo. Em Juiz de Fora fizemos um ato, com PT e CUT, proposto pelo DAP. O DAP tem sido o motor de arranque do PT”.
Gilson ainda falou sobre as eleições municipais: “Nossos candidatos a prefeitos, não vamos vender nenhuma ilusão: a política de destruição com o teto de gastos sangrou a nação para garantir acumulação de capital. Nas eleições temos que nacionalizar a campanha, colocar o lugar dos serviços públicos e combinar com as reivindicações”.
O Deputado Estadual Betão (PT-MG) falou da importância do momento de explicar pra sociedade a crise: “É preciso explicar pra sociedade a crise do capitalismo, voltar lá atrás no golpe que tirou a Dilma em 2016, que isso gerou o caos na saúde , que vêm do congelamento de gastos (do Temer)”
Já o companheiro Joãozinho, do Vale do Aço, falou sobre o trabalho na região metropolitana de BH: “Tivemos ‘live’ com Betão com quatro presidentes do PT de cidades da região metropolitana. Essa ‘live’ já rendeu um fórum permanente com os presidentes do PT!”
Assembléia com 4 mil em Florianópolis
Lino Peres, pré-candidato a prefeito do PT de Florianópolis/SC, falou que a CUT em Santa Catarina saiu pras ruas já há duas semanas – com toda proteção. Citou o Sindicato dos Servidores Municipais (SINTRASEM), que fez assembléia com 4 mil pessoas com proteção.
Lino ainda falou da situação municipal de Floripa, sobre as alianças eleitorais na cidade, e criticou os argumentos dos que eram contra sair nas ruas diante da conjuntura nacional da covid-19 e do bolsonarismo. Para Lino, o argumento de que não poderíamos sair nas ruas pois seriamos atacado pelos fascistas e o outro argumento, de que não poderíamos sair com a COVID-19 para dar o exemplo, foram dois argumentos que o DAP derrubou: “Estamos derrubando essas duas vertentes. Vamos pra rua, com todo protocolo de segurança”, afirmou Lino.
Bahia: privatização e alianças
Da Bahia, falaram Paulo Riela, do Comitê Estadual do DAP, Camilo Castro, de Cruz das Almas e Gerinaldo Costa, de Feira de Santana.
Paulo comentou sobre a denúncia feita pelo sindicato SINDAE, sobre a decisão do governador Rui Costa (do PT) encaminhar o projeto de privatização da EMBASA, “(exatamente) quando se precisa de mais serviços públicos”.
Camilo, de Cruz das Almas, criticou a aliança local do PT com PSD e PP: “Lutamos por mais serviços públicos, mas esses mesmos ‘aliados’ votam contra isso”.
Gerinaldo pediu para aprofundar o debate sobre o “nosso papel nos períodos eleitorais, e nosso papel enquanto dirigente do PT, sinto uma necessidade de fazermos esse debate”.
A CUT tá travada mesmo
Paulo Farias, dirigente da CUT e do comitê nacional do DAP, falou sobre a discussão que se realizara dois dias antes na Direção Nacional da CUT: “o debate na CUT virou em torno da negociação. A CUT tá travada, tá travada mesmo. Há alguma Estaduais indo pra luta, citei o ABC. Estamos num momento meio difícil. Foi uma boa surpresa ouvir a Luísa hoje.”
Rio de Janeiro
Áurea Alves, do DAP Rio, falou sobre a situação no seu Estado. Ela destacou a importância da candidatura de Benedita a prefeita: “Temos poucas candidaturas negras, a candidatura da Benedita é emblemática”. Áurea lembrou que a candidatura de Benedita foi lançada com o DAP no Congresso Estadual do PT, e reforçou a questão das ruas: “O DAP tem sido uma força que começa a fazer o movimento. Chegou a hora do partido ir pra rua, pra sobreviver mesmo”
Mato Grosso
Do Mato Grosso, Dimas Neves, sindicalista do grupo sindical Renova Andes, declamou um poema de Manoel de Barros, e sobre a situação comentou que “precisamos cravar a ideologia da crueldade e da miséria (do governo – NDR), que trás o pessoal da igreja, trás todo mundo.” Dimas ainda concordou com Luísa Hanune: “A Luísa tá coberta de razão. Estão aproveitando as nossas dores e sofrimento para destuir nossos direitos”
Encerramento com Greenhalgh
O companheiro Luis Eduardo, do comitê nacional, ficou responsável por fazer um fechamento da discussão. Luis abriu sua fala dizendo que procuraria fazer um resumo das “idéias-força”da plenária. A íntegra da fala de Greenhalgh pode ser lida aqui.
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