Constituinte é tema chave contra Marina
A reunião extraordinária do Diretório Nacional do PT, no dia 5 de setembro, ocorreu em meio à subida da candidata Marina nas pesquisas (empata com Dilma na simulação de 2º turno). Compreensivelmente, o DN reflete essa situação, tanto do ponto de vista da autocrítica (“abandonamos os movimentos sociais”, em várias falas) quanto da opção por uma campanha mais incisiva, que começou já no mesmo dia nos programas de rádio e TV de Dilma. Assim, as críticas mais do que justas dirigidas a Marina (independência do Banco Central e entrega do pré-sal, principalmente) passaram a ocupar o horário eleitoral, e as pesquisas que se seguiram mostram que a mudança de tática deu resultado.
Até certo ponto. Trata-se de uma mudança limitada, que não leva em conta a nova situação criada pelas manifestações de junho e julho de 2013, que mostraram o repúdio ao Congresso e aos “políticos”, e a necessidade de mudanças profundas, e não cosméticas. Foi desse clima que Marina se aproveitou, propagandeando uma tal de “nova política” que não poderia ser mais velha, e ganhando o apoio de parte dos que tendiam a votar nulo ou em branco.
Mas o PT tem a ferramenta certeira para desconstruir a candidata do Itaú: a Constituinte Exclusiva e Soberana para a reforma política, tema do abaixo-assinado que o partido encaminha e do Plebiscito Popular que coletou milhões de votos em todo o país, e no qual Lula e vários candidatos a governador pelo PT votaram.
Porém, Dilma não pode continuar hesitando. Tal como em 2013, quando recuou da proposta de Constituinte que ela mesma havia feito, devido às pressões do PMDB, agora a Constituinte é retirada de seu programa de governo e Dilma, que não votou no Plebiscito e defende uma “reforma política” vaga. Sem Constituinte. É a sombra do PMDB, que expressa toda uma política de alianças que impede que o PT avance suas propostas. Na plenária do PT em São Paulo, Lula disse estranhar que “peão vote em patrão, na minha época era impossível”. Pode ser, mas é o próprio Lula quem articula em Pernambuco a candidatura de Armando Monteiro (PTB), ex-presidente da CNI.
Esta é a razão real da mesa do DN ter retirado a Constituinte da emenda à resolução apresentada por Markus Sokol, do Diálogo e Ação Petista. Mas é uma posição míope, que não vê os milhões de votos “SIM” dados para a Constituinte no Plebiscito Popular, não vê o apoio que amplos setores populares dão à Constituinte desde o ano passado e não vê que esta é a melhor arma para desvendar a falsa novidade representada por Marina.
Trecho aproveitado no DN – “A proposta da reforma política dessa candidatura da oposição é regressiva e antipopular. A nossa, ao contrario, é para dar a palavra ao povo, através de um plebiscito. A nova política é Dilma.”