Diálogo Petista 60
O PT de Curitiba decidiu apoiar Gustavo Fruet a prefeito, ex-tucano e hoje no PDT. Nesta situação, você se declarou pelo Voto PT, voto 13. Explique essa posição.
Cláudio: As alianças, quando necessárias em processos eleitorais, devem ser fundadas em programa político amplamente discutido e aprovado, e dentro de princípios dos quais não podemos abrir mão. Como não existe sequer uma plataforma com as propostas debatidas e ajustadas à decisão dos nossos militantes, vamos votar no quê? Se quisermos manter coerência com as metas partidárias, cabe-nos defender o Partido dos saques e agressões à sua história. E isso nos leva ao voto no próprio Partido, por mais que tenhamos respeito e admiração pela candidatura de nossa querida Mirian Gonçalves ao cargo de vice-prefeita de Curitiba. Limitados também pela aliança aos cargos proporcionais, ainda assim sabemos que alguns dos candidatos do nosso Partido assumem campanhas baseadas em plataformas afinadas com nossas propostas programáticas e, portanto, podemos e devemos nos empenhar durante essas eleições na tarefa de acumular forças para retirar nosso Partido do abismo a que foi arremessado e confinado.
A declaração dos candidatos, impulsionada pelo Diálogo Petista, termina propondo um novo Encontro Nacional do Diálogo Petista para o final do ano e, vocês em Curitiba, decidiram organizar um Encontro estadual preparatório para novembro, por que?
Cláudio: Nosso Partido reúne um quadro de militantes temperados nas lutas sociais que nunca se deixou iludir pelos pregadores do pragmatismo. O Diálogo Petista tem conseguido nesses últimos tempos a adesão cada vez mais significativa de militantes fiéis aos princípios abraçados pelo Partido desde a sua criação, na luta contra a opressão social e a exploração dos trabalhadores.
A atual crise do capitalismo nasce da desregulamentação do sistema financeiro e do endividamento crescente dos países em benefício da agiotagem nacional e internacional que saqueiam os recursos públicos com a voracidade da pirataria jamais enfrentada pela humanidade. Não podemos mais adiar a discussão da dívida pública brasileira como a principal contradição a ser enfrentada nesta conjuntura. Se continuarmos a adiar a discussão sobre esta questão, estaremos ludibriando a nós mesmos, pois, se não assumirmos a direção desse combate, seremos tragados pelas baionetas dos juros. Esse combate impõe-nos a tarefa inicial de apurar com rigor os números concretos que nos sufocam, desvendar a caixa-preta da agiotagem, refazer as contas orçamentárias e vencer, definitivamente, a desigualdade crescente da distribuição de rendas e riquezas.
Precisamos nos preparar para o próximo Encontro Nacional do Diálogo Petista e isso implica a promoção, em nosso Estado e dentro das nossas condições, de reuniões preparatórias para aprofundamento do debate sobre a dívida pública brasileira como questão central.
novas adesões à declaração
Idevaldo Barbosa, dirigente do Sindprev-PB e candidato em João Pessoa (PB):
Após ler o documento, vejo que ele está conforme o nosso projeto de vereador. Nossa proposta é lutar pela educação, a saúde, pela previdência pública que é a área onde atuo, como também contribuir para melhoria do transporte público, incentivar o esporte desde os primeiros anos na escola. Temos como proposta a moradia de qualidade, num meio ambiente sadio.
André Dunque, coordenador da Juventude do PT em Ribeirão Preto e candidato a vereador na cidade:
Assinei a declaração, pois o Partido dos Trabalhadores sempre foi o partido de esquerda, sempre foi ao encontro das reivindicações da população, sendo representado por sindicalistas e militantes do movimento social.
O partido está perdendo seus princípios, com alianças com PMDB, PSD, PP dentre outros. Destaco em especial a última aliança feita pelo companheiro Lula, com o Maluf, apunhalando e descaracterizando os militantes.
Minha candidatura para vereador no PT nasce de encontro com os princípios do partido. É o que precisamos. É para isso que venho lutando.
Alianças são possíveis, sim. Porém, com partidos que trabalhem com o pensamento nos trabalhadores e no povo. Alianças pelo poder, a qualquer preço, demonstram fraqueza e degeneração do partido. Queremos o PT que se comprometa e demonstre seus ideais.
Iniciativa do DP ajuda
na retomada do PT em Cáceres
Em Cáceres, no Mato Grosso, a militância voltou a se animar, após a vitória que foi a saída do partido do governo do DEM, o lançamento de candidatura do PT a prefeitura nas eleições e a expulsão dos governistas.
Foi uma vitória dos militantes do PT, cujo combate se iniciou no Diálogo Petista, integrado por militantes de O Trabalho, companheiros do CNB e militantes independentes, que decidiram fazer uma campanha, na forma de um abaixo-assinado, defendendo a candidatura própria e a consequente saída do governo do DEM, com base em uma plataforma de luta pelas reivindicações.
Essa campanha teve ampla repercussão e apoio na base do partido, que enfrentou os governistas, articulados por um vereador da Democracia Socialista (DS) e dirigentes da mesma, estes últimos defenderam, até o fim, a permanência no governo do DEM e a aliança eleitoral com esse partido. Em abril, o Encontro Municipal do PT decidiu pelo lançamento de candidatura do companheiro Edson Penha (o Edinho) e pela ruptura com o governo do DEM.
No encontro, também foi aprovada uma plataforma inicial de campanha que incorpora as reivindicações mais imediatas do povo de Cáceres: pagamento do piso salarial nacional para os trabalhadores da educação do município; apoio à luta pela Reforma Agrária, com a desapropriação das fazendas Grendene, Rancho Verde e Girau, latifúndios que cercam a cidade; retomada da gestão do serviço de saneamento municipal; con
tra as OCIPs e as OS’s no serviço público, com a retirada da OS que administra o Hospital Regional de Cáceres; construção de creches, beneficiando a mulher trabalhadora; contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Uma coordenação está organizando a campanha e já atraiu, inclusive, militantes do PCdoB local, que apoiam a candidatura do PT, após a direção do PCdoB decidir entrar na coligação com o PSD, formado por inimigos dos trabalhadores e do povo de Cáceres.
Essas decisões animaram a militância do PT e devem ajudar a colocar o partido no lugar em que deve estar, ou seja, como ponto de apoio para as lutas do povo trabalhador.
Os companheiros que se reúnem no Diálogo Petista em Cáceres mostram que é possível defender o PT de sua descaracterização, combatendo pelas reivindicações e pela independência de classe no partido.
Correspondente