Diálogo Petista 45
Depois do Congresso do PT , a dupla tarefa do “Diálogo”
Há duas semanas, no 4º Congresso do PT no Distrito Federal, mais de uma centena de delegados se cadastraram (além dos já inscritos) para receber os materiais preparatórios do próximo Encontro do Diálogo Petista. Este próximo 4º Encontro Nacional está marcado para 10 e 11 de dezembro, em São Paulo.
A audiência do Diálogo no Congresso confirmou a expectativa da Coordenação do DP que propôs esta abertura.
De fato, vários delegados de diferentes correntes acompanharam no voto em plenário, apesar das pressões, emendas que o 3º Encontro do Diálogo, em abril, havia encampado. É o caso da emenda estatutária de fim do PED (com a volta da eleição em encontro de delegados), ou do lançamento de candidaturas próprias do PT nas eleições de 2012 (questionando a “política de alianças”).
O Diálogo, como se sabe, não é uma tendência ou um “campo” voltado para a disputa interna e os delegados com ele identificados agiram conforme. Ainda assim, ou inclusive por isso, vários delegados, inclusive quadros históricos do PT, se associaram ao Diálogo.
Afinal, por mais que haja descontentamento até entre os selecionados quadros eleitos ao Congresso – como a imprensa registrou em certas votações, vaias, etc. –, o essencial das decisões não é, por si, capaz de frear , ou ainda menos reverter , o processo de desfiguração do PT.
Ao lado da receptividade encontrada nas Plenárias Estaduais da CUT (abaixo), os novos cadastros indicam a inquietação de setores petistas que buscam retomar as bandeiras mobilizadoras da independência dos trabalhadores que marcaram a formação do PT, ao que se propõe o Diálogo.
Pontos mínimos nacionais
A tarefa agora é dupla: realizar um grande número de Reuniões locais de base do Diálogo, como as relatadas abaixo, onde uma questão é o livre debate do próprio resultado do Congresso, e outra tarefa é a agenda do Diálogo no semestre, que prevê, como pontos mínimos nacionais:
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a campanha pela Revogação da Lei das OS’s,
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o ato pela imediata Retirada das Tropas do Haiti,
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a defesa das Candidaturas Próprias do PT em 2012.
Perseverar no agrupamento, esclarecer os petistas do que realmente decidiu o Congresso, bem como ajudar sua intervenção na luta de classes, é um desafio para os aderentes do Diálogo.
Está disponível no site a “Contribuição ao Debate” da Coordenação, que tem muito a oferecer ao conjunto dos petistas, limitados pela rasa discussão do Congresso sobre a crise mundial e a situação do próprio governo Dilma.
Carta da região de Irecê (Bahia)
“Nós, militantes do PT na região de Irecê, dos diretórios de Barra do Mendes, Central, Irecê, João Dourado e Lapão, reunidos no Diálogo Petista (10.09.11), tivemos um espaço para o debate franco nos moldes da tradição petista.
Nas intervenções evidenciamos a nossa insatisfação com a atual “política de alianças”, na qual inimigos históricos da classe trabalhadora são apresentados como imprescindíveis para as vitórias e a governabilidade; discutimos os rumos da política econômica gestada pelos governos petistas que tentam retirar direitos ou impor uma gestão dos espaços públicos em parceria com a iniciativa privada, como é o caso das OS’s (Organizações Sociais).
Nós, militantes, destacamos: a) a necessidade de amplos debates convocados pelos diretórios para fazer valer a democracia interna; b) a necessidade de defendermos, sem vacilações, candidaturas próprias nas eleições municipais de 2012.
Diante disso, nos dispomos a:
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Expandir o Diálogo Petista em toda a região de Irecê
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Realizar um seminário regional de campanha pela revogação das OS’s.
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Constituir uma delegação regional para participar do 4º Encontro Nacional em SP.
Junte-se a nós!”
A carta foi encaminhada com dez assinaturas de sindicalistas, dirigentes petistas e militantes.
Em Cáceres (MT):
romper com o governo do DEM!
Em Cáceres, no Mato Grosso, o Diálogo Petista é marcado pela luta para que o partido recupere a sua independência, rompendo com o governo municipal do DEM.
Sim, do DEM, e quem comanda a manutenção dessa aliança é corrente Democracia Socialista, cujos representantes locais dizem que, ocupando esse “espaço”, atendem muitas reivindicações.
No Diálogo, filiados de diversas origens tem colocado o lançamento de candidatura própria à prefeitura, na linha de frente da luta por reivindicações como a Reforma Agrária. Caso contrário, o partido repetiria em Cáceres o desastre das eleições estaduais de 2010, quando se aliou ao PMDB, PR e PP e sofreu uma derrota histórica.
Na reunião do DP em 13 de agosto, os nove petistas decidiram aumentar os contatos para realizar um encontro municipal pela candidatura própria em 2012, proposta a discutir com integrantes locais de correntes, como o CNB. Houve ainda uma rica discussão sobre o novo Código Florestal, com a compreensão de que a crise do capitalismo aumenta a pressão pelo desmatamento e que a preservação ambiental se liga diretamente à luta antiimperialista. Essa questão é muito forte na região, onde a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado estão ameaçados pelo agronegócio.
As reuniões do DP
em Cáceres são uma demonstração do que deveria ser o PT!
Domingos Sávio
Nas plenárias da CUT,
convite ao “Diálogo”
A CUT acaba de terminar suas Plenárias Estaduais. Em várias delas, uma carta-convite foi distribuída aos “companheiros e companheiras sindicalistas petistas da CUT”. Ela faz parte da ampliação da preparação do próximo Encontro do Diálogo em dezembro. Reproduzimos trechos abaixo:
“Quem somos nós? Somos militantes do PT, sindicalistas, parlamentares e ativistas do movimento popular , que nos reunimos com a preocupação de retomar as melhores tradições de nosso partido, isto é, ajudar na luta dos trabalhadores contra toda forma de opressão e exploração, a partir de um terreno independente dos patrões.
Pensamos que esta é uma necessidade, não só para influir nos debates internos do PT, mas, na atual situação do partido, criar um espaço de livre discussão e adoção de iniciativas comuns de luta.
O Diálogo está preparando o seu 4º Encontro, e em diversos Estados promove reuniões locais nas quais gostaríamos que vocês participassem.
Reunimos nossa Coordenação Nacional, onde pudemos discutir a profundidade da crise que hoje sacode o mundo, cuja base é o funcionamento do sistema capitalista movido pela especulação, e seus impactos no Brasil. Uma situação que pede discussão e ação entre os petistas em todos os terrenos, e, é claro, inclusive no terreno sindical onde construímos a CUT.
O Diálogo, desde sua origem, além de defender as candidaturas próprias do PT nas eleições, tem se engajado em campanhas que tem a ver com as lutas que a CUT desenvolve (…).
A participação de sindicalistas cutistas nas reuniões do Diálogo certamente vai enriquecê-las, permitir novas iniciativas que reforcem a luta dos trabalhadores, e a discussão sobre outra política que, na nossa opinião, tanto o PT como o governo Dilma deveriam adotar.
Contamos com vocês nas nossas reuniões.”