Diálogo Petista – outubro de 2008
SEMANA DA PÁTRIA
PELA VERDADEIRA INDEPENDÊNCIA NACIONAL!
Como todos anos, o Brasil comemorou a luta pela soberania nacional. Em várias cidades, atos apoiados por sindicatos e entidades populares levantaram as bandeiras da nação que luta para se emancipar da secular opressão do imperialismo, principalmente estadunidense. Que na verdade substituiu as potencias colonizadoras do continente, e aperfeiçoou a exploração das riquezas nacionais quando os países obtiveram independência formal.
Mas poucos dias depois, os acontecimentos na Bolívia – com a aberta ingerência dos EUA patrocinando os separatistas – mostraram com o imperialismo se dispõe até contra essa independência. Que hoje é uma bandeira na mão do povo
trabalhador, e dos dirigentes que quiserem acompanhá-lo, como na Bolívia.
No Brasil, o presidente Lula discursou sobre as novas descobertas no pré-sal dizendo que "os recursos do petróleo e gás serão canalizados para a erradicação da pobreza". Muito bem. Mas então não se trata destiná-las ao superávit primário para pagar a dívida, como acontece hoje com a boa parte da renda das estatais. E se é isso, porque Lula não acaba agora mesmo com o superávit primário e destina seus recursos para a maioria da nação?
No dia 7 e depois nas empresas e nos bairros, vários candidatos a vereador do PT distribuíram versões deste panfleto produzido pelos organizadores do Diálogo Petista.
Neste 7 de Setembro se renova a luta pela independência do Brasil proclamada há 186 anos.O povo brasileiro quer
conquistar a soberania nacional para garantir melhores condições de vida para sua gente, tal como os povos vizinhos da Venezuela, da Bolívia e do Equador. O povo brasileiro tem o direito de usufruir a riqueza nacional hoje apropriada pela especulação internacional – os minérios, o petróleo, a produção econômica no campo e na cidade.
Candidato do PT, luto para que os recursos públicos se destinem às necessidades do povo – mais empregos, reforma agrária e serviços públicos – e não para a dívida, como impõe a combinação do perverso mecanismo do superávit fiscal
primário com a falsa Lei de Responsabilidade Fiscal.
É chegada a hora de recusar as exigências do governo dos EUA e dos especuladores:
• Chega de privatizações e "livre-comércio"!
• Fora a 4ª Frota dos EUA do Atlântico!
Neste 7 de setembro, me dirijo ao presidente Lula para renovar a luta pela soberania:
– As riquezas do Brasil para o povo brasileiro: é justo garantir o Piso Salarial Nacional para os professores, lei votada no Congresso e sancionada pelo presidente, mas questionada pelos governadores do PSDB. Tem razão os professores que farão greve pelo Piso dia 16.
– 100% do petróleo deve ser nosso: tem razão os trabalhadores do petróleo que lançaram uma campanha pelo restabelecimento do monopólio da Petrobrás e a suspensão das concessões de exploração de jazidas de gás e petróleo;
– O respeito da nossa soberania passa pelo respeito da soberania de todos. Por isso, Retirada das Tropas Brasileiras do Haiti que estão lá em nome da ONU desde 2004, a pedido de George Bush que derrubou o governo eleito daquele país.
No 7 de Setembro do ano passado, numa Consulta Popular, quase 4 milhões de brasileiros votaram pela anulação do leilão de privatização da Vale. Mas o presidente Lula disse que a questão não estava na mesa do governo. Então, vamos colocar a questão na mesa de Lula!
Neste 7 de setembro, nos dirigimos a todos, ao povo e as suas organizações, nos dirigimos em especial aos Candidatos a Vereador comprometidos com a luta pela recuperação de tudo que foi privatizado: no próximo dia 5 de outubro, vamos colocar esta luta na rua:
– Apoiemos o abaixo-assinado "O Pré-Sal é nosso" da FUP (federação dos petroleiros da CUT) pelo monopólio estatal do petróleo!
– Vamos juntos organizar no próximo dia 5, dia das eleições, uma grande mutirão de adesão ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular para um Plebiscito Oficial de Anulação do Leilão da Vale (disponível www.cut.org.br )!
Traga o seu título de eleitor. Ajude-nos a organizar as adesões!
"VOU VOTAR NA LEGENDA, VOTO 13"
Entrevista com Helena Bortolo, candidata a vereadora
A sindicalista Helena Maria Bortolo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep, Subsede Cuiabá) e candidata a vereadora na Capital pelo PT, pela segunda vez, é uma das que irá votar 13 no próximo dia 5".
Assim a imprensa local apresenta a candidatura desta professora de geografia que faz questão de dizer "tenho princípios, e os mantenho há 20 anos na direção do sindicato". Ela recusa votar para prefeito no ex-presidente da
Federação das Indústrias, Mauro Mendes (Partido da República), uma aliança imposta contra o candidato que ganhara a prévia interna, pelas tendências que controlam os diretórios locais (Articulação de Esquerda, Articulação e Mensagem) e participam do governo de Blairo Maggio, produtor de soja campeão de desmatamento. Entrevista a Markus Sokol.
DP – Que conseqüências você vê na política de superávit primário do governo Lula?
Helena – O superávit reduz investimentos na educação e na saúde trazendo conseqüências graves numa cidade com as necessidades que o crescimento de Cuiabá trouxe. Apesar do investimento federal há muita carência, e o superávit não permite acelerar ações sociais primordiais, ainda mais para um governo como o de Lula.
DP – Você tem defendido o concurso público para os profissionais de educação?
Helena – As nomeações de cargos de direção no município eram de apadrinhados. Conseguimos uma gestão democrática, mas a maioria dos vereadores ainda se apropriam de cargos de outros níveis pois há quatro anos não há concurso. É uma necessidade urgente.
DP – O que pensa do passe livre?
Helena – O passe livre foi um pleito que o mov
imento social e estudantil conseguiu em todos os níveis na cidade. Os movimentos o tem mantido, apesar dos ataques do prefeito do PSDB. Há um subsídio público aí implicado, em beneficio dos empresários do transporte. Seria necessária uma outra lógica, e as três esferas – município, Estado e União – compartilharem o custo do passe livre.
DP – Porque você não apóia o candidato Mauro Mendes?
Helena – Vou votar na legenda do PT, voto 13, mesmo se anula. É a posição nossa e de O Trabalho, além dos que nos apóiam. Já tinha essa posição há dois anos quando o PT assumiu a Secretaria de Educação do governador Maggio e mantenho, pois não assumo candidatura com lógica de empresário. É minha posição pública. Somos três candidatos no PT que não assumem o Mauro inclusive na TV. Como candidata tenho tido contato petistas de base que mostram indisposição de votar em Mauro, seja por votar 13, anular ou não votar. Aliás, não há campanha do PT para o PR, há dirigentes, mas os militantes petistas constrangidos não estão à vontade.
DP – Que mudanças você pediria ao presidente Lula?
Helena – Na educação o Fundeb (fundo para desenvolvimento da educação básica) não é suficiente para uma guinada para sair do analfabetismo e do analfabetismo funcional. É preciso aplicar mais recursos na educação, ao invés do superávit primário. Um segundo esforço deve ser o meio–ambiente, submetido ao desmatamento produzido pelo agro-negócio que pode tudo, quando temos de proteger nossos rios e florestas que é coisa séria.
DP – Qual a avaliação da experiência de colaboração no Diálogo Petista?
Helena – Falei aos companheiros de O Trabalho que isso tem que ganhar mais amplitude. Temos algumas divergências, mas temos muito mais concordâncias! Tem sido uma experiência muito significativa porque é preciso redimensionar o PT, e por isso mesmo fazer mais gente entrar no circuito.