DF: "chances reais de 2º turno" – entrevista com Júlio Miragaya

O PT do Distrito Federal aprovou por larga maioria a candidatura própria ao governo distrital.

O candidato é o economista Júlio Miragaya, que já ocupou vários cargos nos governos petistas (estadual e distrital) e hoje faz parte da coordenação do Diálogo e Ação Petista no Distrito Federal.

Abaixo, ela explica o papel de sua candidatura.

DAP- Como sua candidatura a governador do DF poderá contribuir para a campanha Lula Livre, Lula Presidente?
JM- Entendo que a participação de um partido, como o PT, nos processos eleitorais deva estar subordinada a uma estratégia mais ampla de conscientização das massas visando a transformação social. Nesse sentido, a palavra de ordem “Lula Livre, Lula Presidente!” cumpre o papel de desnudar o propósito de instituições centrais na sociedade burguesa: judiciário, forças armadas, parlamento, mídia, e abrir caminho para um processo de ruptura e de efetiva transformação social. Exigir a libertação de Lula, preso político, e seu direito de se candidatar, para que a vontade da maioria do povo seja respeitada, será o eixo condutor de minha campanha.

julio miragaya
Júlio Miragaya, candidato do PT a governador do DF

DAP- Quais os principais problemas do DF e suas propostas para enfrentá-los?
JM- Embora seja a unidade federativa de maior PIB per capita do país, o DF apresenta, em maior ou menor grau, os mesmos problemas que as demais metrópoles brasileiras nas áreas de mobilidade, saúde, educação e segurança públicas. Mas talvez o mais grave seja a elevadíssima taxa de desemprego, da ordem de 20%, com cerca de 320 mil desempregados, além de outros 500 mil no trabalho informal. Isso é decorrente de sua estrutura econômica pouco diversificada, excessivamente dependente do setor público.
DAP- Como você vê a dependência do DF em relação ao governo federal?
JM- O setor público responde por cerca de 50% do PIB do DF; 22% dos empregos diretos; 53% da massa salarial e quase 50% de sua receita. Dialeticamente, isso é bom e ruim. Bom por motivos óbvios, ruim porque em momentos de crise econômica e fiscal, a retração do setor público compromete o desempenho dos demais setores, em particular do comércio e dos serviços privados, fortemente dependentes do poder de compra dos servidores, que é precisamente a situação atual. Por isso a vitória do PT e de Lula em outubro, com o projeto de recuperação e fortalecimento do setor público, é vital para a recuperação da economia do Distrito Federal.
DAP- Essa é a primeira vez em muitos anos que o PT/DF sai com chapa “puro sangue”. Não é ruim para o partido?
JM- O ideal seria que o PT/DF pudesse encabeçar uma coligação que aglutinasse os partidos que se opuseram ao golpe, o que não ocorreu, em parte por falta de iniciativa da direção local, em parte por oportunismo das direções de partidos como o PCdoB e PDT, que foram para o colo de Rollemberg (atual governador, do PSB). Mas lançar chapa exclusivamente petista não significa que estamos fora do páreo, pelo contrário, temos chances reais de ir ao 2º turno, o que o PT/DF não conseguiu em 2014, na tentativa de reeleição de Agnelo, quando nossa “ampla” chapa contava com 14 partidos, a maioria que, meses depois, conspiravam contra o próprio PT.
DAP- O Diálogo e Ação Petista (DAP) fará um encontro nacional dia 1º de setembro. O que você espera desse encontro? Como está a preparação no DF?
JM- As chapas do DAP tiveram um papel superimportante no 6º Congresso do PT em suas etapas estaduais e nacional, apresentando ao partido caminhos para a superação da crise que o partido vivia. Hoje, o PT recuperou grande parte de sua credibilidade junto à vanguarda da classe trabalhadora e da massa em geral, não obstante os últimos percalços, o que se deve em muito à ação do DAP. Espero que em 1º de setembro possamos fazer um bom balanço desse processo e continuar avançando. Aqui no DF, a iniciativa do DAP foi decisiva para que conseguíssemos agrupar oito correntes petistas (AUL, DS, Avante, AE, EPS, MAS, PTL, além da OT) em torno de uma chapa majoritária que expressava as resoluções do 6º Congresso.

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