Drama da deportação de migrantes, até quando?

Deixemos alguns trechos da reportagem do Washington Post dos jornalistas Terrence Mccoy e Marina Dias (01/07) testemunhar, no caso da menina Manu, o drama dos trabalhadores migrantes.

“Manu, Emanuelly Borges Santos nasceu em Fort Lauderdale, em 2022. Em fevereiro, foi detida na Flórida com a mãe e o pai, imigrantes brasileiros em situação ilegal, e deportada para o Brasil. O caso mostra que, conforme Donald Trump intensifica sua repressão à imigração, cidadãos americanos também são afetados.

Manu, que não é cidadã nem residente do Brasil, foi forçada a entrar no País como turista. Nos meses que se seguiram, enquanto autoridades locais tentavam descobrir como legalizá-la, a menina ficou praticamente apátrida – removida do país de nascimento e não adotada pelo lar dos pais.

Ela não tem direito a exames pediátricos no sistema público de saúde brasileiro e não consegue se matricular em uma escola ou creche.

A deportação de Manu alarmou juristas, que acusam o governo dos EUA de violar o direito ao devido processo legal, e ilustra quantas famílias americanas têm status imigratório misto. Um estudo de 2020 do Migration Policy Institute descobriu que 4,4 milhões de crianças americanas tinham pelo menos um dos pais imigrante indocumentado.

Os detalhes da deportação de Manu, ocorrida em 21 de fevereiro, não foram divulgados pelo Serviço de Imigração – “os pais são questionados se desejam ser removidos com os filhos, ou se a criança fica sob a custódia de alguém”.

Os pais de Manu, Elioni Gonçalves, de 41 anos, e Edivan Borges dos Santos, de 42, dizem que não tiveram escolha.

Quando a família pousou em Fortaleza, em um voo com 94 deportados, autoridades brasileiras ficaram surpresas ao ver Manu na lista de passageiros. Os únicos documentos que ela tinha eram um passaporte americano e um cartão de previdência social dos EUA.

Naturais de Minas Gerais, Estado conhecido como polo de imigração ilegal para os EUA, Elioni e Edivan não haviam pensado em deixar o País até a pandemia de covid-19. Quase tudo fechou e era difícil encontrar trabalho. Eles moravam com o filho em uma casa inacabada, sem condições de financiar sua conclusão.

Com documentos brasileiros confiscados, os pais de Manu não puderam registrá-la como brasileira.”

A primeira responsabilidade por este fato é da brutal política de deportação do governo Trump. Mas o governo brasileiro deveria agir rapidamente para resolver o drama familiar que já dura 3 meses em solo nacional. Precisou um jornal estadunidense divulgar! Entre os 400 deportados brasileiras em 2025 (11 mil em 6 ano) certamente há outras situações complexas.

Os governos da América Latina, além de condenar as deportações em massa, deveriam agir em conjunto para frear o monstro do norte com represálias soberanas. Em setembro, na Cidade do México, se realizará uma Conferencia Continental em Defesa do Direito de Migração. No Brasil, o DAP ajuda a sua preparação.

Abaixo o vídeo do protesto dos alunos do último ano da Milford High School em Massachusetts. Eles marcharam da formatura até a prefeitura para protestar contra o sequestro, pelo ICE, de seu colega de classe, o brasileiro, Marcelo Gomes, que morava nos EUA desde criança, um dia antes de sua formatura. Os alunos foram recebidos com o apoio da comunidade.

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