As eleições na África do Sul
Por Lybon Mabasa*
As recentes eleições azanianas/sul-africanas foram realizadas, limpas. A chamada Comissão Eleitoral “Independente” (IEC) declarou as eleições como “livres e justas”, apesar de terem sido levantadas mais de 500 objeções, em grande medida ignoradas.
Mas o que é agora o maior tema de discussão no nosso país e noutras partes do mundo é o fato de o CNA (Congresso Nacional Africano) de Nelson Mandela, o mais antigo movimento de libertação em África, ter deixado, como havíamos previsto, de ser o partido maioritário. O CNA caiu de 57 % para 40% e, como resultado, não está em condições de estabelecer um governo de forma independente.
O partido MK, formado pelo ex-presidente Jacob Zuma, um homem amplamente considerado como o presidente mais corrupto que já liderou o país, “perturbou” ao obter mais de dois milhões de votos e se tornar o terceiro maior partido do país. É um criador de reis na arena política sul-africana.
Existe a possibilidade de o CNA, com o Partido MK (Umkhonto We Sizwe – Lança da Nação) e o EFF (Economic Freedom Fighters, ala esquerda – NdT) formarem um governo. Essa eventualidade é referida pela mídia branca e pelos partidos de oposição liderados por brancos, como a ‘Coalizão da Perdição’, que já causa estragos na economia e afasta os investidores.
Isto deve-se em grande parte ao fato de que estes três partidos, para ganharem credibilidade perante os negros que tantas vezes traíram, só poderem fazer uma e única coisa, recuperar as terras e devolvê-las à maioria negra.
Isso está enlouquecendo os brancos e seus partidos que prometeram impedir por todos os meios. Estabeleceram o que chamam de “Pacto Multipartidário” para manter o status quo. Eles pediram ajuda dos EUA e de outros países imperialistas. Tudo isto exerce pressão sobre o atual presidente Cyril Ramaphosa (CNA), que vem sendo alvo do Partido MK e convidado a renunciar.
O CNA também está descontente com Cyril, porque há uma percepção geral de que perderam a maioria parlamentar sob o seu governo. Ele está sendo descrito como o presidente mais fraco de todos os tempos.
O “Pacto Multipartidário” quer restaurar a relação da África do Sul com o Estado Sionista de Israel, em oposição ao que chama de “Coligação do Juízo Final” que quer o Cessar-fogo e parar o genocídio, o massacre geral de inocentes.
O governo do CNA já levou o Estado do Apartheid Sionista de Israel para os tribunais mundiais, CIJ e TPI. Esta ação ofendeu tanto os sionistas, quanto os brancos e as igrejas protestantes que não apoiam os palestinos, e pensam que agrada a Deus se eles forem eliminados da face da terra.
Nós, como SOPA, Partido Socialista da Azânia (A.do Sul), acreditamos que o resultado destas eleições abre novas possibilidades e fortalece a nossa luta por uma Assembleia Constituinte independente, com plenos poderes, que dará todo o poder à maioria negra.
O que está bastante claro é que os acordos CODESA de Kempton Park (a “transição” do apartheid, 1990/93 – NdT) estão em crise.
*Lybon Mabasa é presidente do SOPA, e foi um dos oradores da Assembleia do POI pelo Cessar-fogo, em Paris, no último dia 5 de maio .