Encontro Estadual do DAP na Bahia
Representantes de grupos de base da capital, recôncavo e sudoeste se reuniram dia 17 de junho em Salvador para um rico debate político, impulsionamento de iniciativas e preparação da delegação ao Encontro Nacional em São Paulo dias 29 e 30 de julho.
Gilberto Leal da Coordenação Nacional de Entidades Negras, Matheus Mascarenhas da Juventude Revolução do PT e Gutierres Barbosa, vice-presidente do PT BA, saudaram o encontro e destacaram a importância do DAP na luta de classes na mesa de abertura dirigida por Maíra Gentil do Comitê Estadual do DAP e membra da Executiva do PT BA.
No debate circulou o Manifesto “Não à Guerra” destacado como um ponto de apoio na luta internacional dos povos e trabalhadores contra a política da guerra imperialista e que só traz destruição, sangue e fome.
Na discussão houve questionamentos a respeito do arcabouço fiscal proposto pelo governo federal, pois representa uma demanda do mercado e vem embutido travas nos investimentos sociais e ameaças aos servidores e serviços públicos. Uma companheira do Calabar disse “é preciso ampliar a saúde de alta complexidade para as comunidades”, portanto o governo deve ter recursos para injetar nas políticas de saúde para o povo, como destacou uma companheira de Pirajá “lutamos para eleger o presidente e o governador”. É no bairro de Pirajá, local pertencente ao resistente Quilombo do Urubu, que está na rua um abaixo assinado que exige do prefeito da cidade “creches públicas, de qualidade, com segurança e assistência para nossas crianças”.
Um companheiro do Médicos pela democracia criticou a ganância dos capitalistas na saúde e defendeu que o PT tenha candidatura própria em Salvador, ao que foi apoiado pelos presentes que acrescentaram que essa candidatura deve ser alicerçada numa plataforma política que inverta as prioridades da cidade, o povo trabalhador em primeiro lugar, e tenha aliados nesta perspectiva, não gente do centrão e da direita. Um companheiro sindicalista destacou que é necessário “ir pra rua” pelos nossos direitos. “Duas reuniões, uma ação” foi o relato do professor de Cruz explicando que o grupo de base se inspirou em outras iniciativas para chegar a uma conclusão prática e lançaram um abaixo assinado exigindo do prefeito “ampliação dos serviços de saúde na comunidade da Sapucaia”. Uma companheira de Feira disse que “Lula precisa reagir” ao se referi às chantagens do Congresso Nacional. Foi uma questão vivamente debatida no encontro e relacionada por alguns presentes à atitude do presidente colombiano Petro que chamou o povo para rua. Foi levantado também que se arrasta uma grave crise institucional no Brasil e que de alguma forma reacenderá das ruas a vontade popular de eleger verdadeiros representantes políticos por um processo realmente democrático através de uma Constituinte. Um companheiro relatou a experiência de outro abaixo assinado no bairro de Cajazeiras, maior bairro de Salvador, que se dirige a Lula para instalar um campus do Instituto Federal (IFBA) naquela localidade e a boa receptividade da campanha, sobretudo na juventude conforme se verificou nas passagens em escolas.
No debate sobre a Bahia destacou-se a necessidade do governador Jerônimo ampliar os serviços públicos através da realização de mais concursos públicos ao invés de concessões e parcerias público-privadas e de melhorar o reajuste salarial elevando os 4% concedidos sem negociação aos servidores. Ressaltou-se também a necessidade de apresentar no plano estadual, assim como Lula no nacional, um plano de reforma agrária e titulação de terras quilombolas que precisa de políticas públicas, como o Quilombo Rio dos Macacos, como forma de justiça e, de outro lado, enfrentamento aos ataques racistas e reacionários.
O encontro foi autossustentado, exclusivamente bancado pelos grupos de base, como bem lembrou uma companheira. Isso só fortalece e anima “agir como o PT agia”. Foi renovado o mandato do Comitê Estadual e anunciada a delegação ao Encontro Nacional daqueles grupos que já decidiram.