2023: o ano que começou fervendo

Reproduzimos abaixo o texto publicado na edição 912 do Jornal O Trabalho escrito por Paulo Riela, coordenador estadual do DAP Bahia. 

Hordas bolsonaristas depredam os três poderes em Brasília no dia 8 de janeiro

No texto, Paulo aborda dois momentos importantes para a luta de classe que abriram o ano de 2023: a posse histórica do Presidente Lula em 1° de janeiro, onde um mar vermelho ocupou as ruas de Brasília para garantir a sua posse e a resposta necessária do povo no dia 9 de janeiro contra os ataques fascistas que aconteceram no dia 8, no qual hordas bolsonaristas – sob o manto verde-oliva do exército e com conivência da polícia militar do DF – atacaram as sedes dos três poderes em Brasília. Em ambos, o DAP esteve presente lado a lado com o povo levantando seus pirulitos e faixas pedindo punição dos golpistas e o atendimento das demandas mais urgentes da população.

Confira o texto completo a seguir.

Paulo Riela, Coordenação Estadual do DAP Bahia

O calor de janeiro não foi só o verão, mas a fervura da intransigente luta de classes.

Foi a maior manifestação popular na posse de um presidente. A expressão viva da resistência frente às ameaças golpistas do derrotado Bolsonaro, seus generais de plantão e patrões criminosos em não aceitar o resultado das urnas. 

Depois dos ataques fascistas de 8 de janeiro em Brasília, foram realizados atos que exigiram punição e cadeia para os golpistas. 

Ao lado de milhares nas ruas, o DAP marcou presença ativa nestas lutas.

“MAIS ORGANIZAÇÃO”

Um mar vermelho ocupou Brasília no dia 1º de janeiro. Mais de 200 mil pessoas foram lá garantir a posse de Lula. 

Foi a autêntica representação da vitória nas urnas que derrotou o genocida e abriu um caminho de esperança para retomar direitos e ampliar conquistas. Foi uma mobilização extraordinária que os grupos de base participaram com muito orgulho. 

Reuniões e discussões políticas, listas, confecção de materiais e campanhas de arrecadação para garantir os ônibus. Era a disposição da militância que contrastava com a vacilação da direção do partido, que em alguns estados chegou a cancelar vários ônibus.

Com pirulitos exigindo o “respeito ao voto popular e golpistas na cadeia” e reivindicações como “aumento de salários, revogação da reforma trabalhista” e outras, centenas de militantes do DAP estiveram presentes para “ajudar a construir a força social da mudança que ajude o governo eleito a enfrentar os obstáculos que estão a vista, para fazer o que o povo espera”, dizia o panfleto do DAP. 

Alex Sandro, moto entregador em São Bernardo do Campo/SP expressou o que sentiu após a viagem, “o bem coletivo superou os interesses individuais. Presenciei uma atmosfera de partilha e respeito”. 

Bárbara Kaipora, estudante da UFBA, disse que “estava em vários grupos para a posse, mas que decidiu participar deste ônibus porque era o que via mais organização”. A batalha foi dura para suportar horas de calor e falta de estrutura mínima como água e sanitários, uma falha incompreensível dos organizadores.

O momento marcante da posse foi quando a massa presente ecoou espontaneamente o grito de “sem anistia”, interrompendo o discurso de Lula que acabara de listar os crimes de Bolsonaro. É um importante sinal de amadurecimento político e disposição para enfrentar o novo período que se abre.

Cortar o mal pela raiz 

Vídeos e informações que circulam nas redes comprovam os crimes cometidos no ataque fascista de 8 de janeiro. A declaração do DAP frente à tentativa de golpe afirma que “é o momento do novo governo passar a ofensiva para afirmar o seu mandato, o qual tem apoio popular”. 

Em resposta ao ataque foram convocados atos de rua no dia 9 por partidos, centrais e movimentos que representaram uma reação necessária, mesmo com limitações. Novamente, o DAP não titubeou e, rapidamente, organizou colunas com faixas que diziam “sem anistia, cadeia nos golpistas” e palavras de ordem muito bem recebidas como “sem conciliação, sem perdão, Bolsonaro na prisão”. O fato comum nos atos foi a exigência uníssona de “sem anistia”.

Aprofunda-se a crise institucional. É público a participação de generais e outros oficiais do Exército, da reserva e da ativa, inclusive das forças de proteção da Presidência da República, na organização dos atos golpistas. “Causa estranheza a permanência do Ministro da Defesa, José Múcio” questiona o DAP, mas não só.

As medidas necessárias devem ser rápidas, pois as provas são evidentes e estão registradas. Por exemplo, “é preciso chegar aos financiadores desta operação que devem ser punidos, inclusive com o CONFISCO (dos bens, nos termos da lei). Não há união ou pacificação possível. É tempo de cortar o mal pela raiz”. Mas, o judiciário caminha a passo de tartaruga, pisando em ovos em meio a crise dos poderes da República.

Esse período tempestuoso recoloca a discussão de fundo sobre as mudanças profundas e necessárias no país que “para alcançar as demandas populares é preciso reformar de cabo-a-rabo o Estado brasileiro”, reafirmou o DAP na posse. Sim, porque são medidas para desbolsonarizar o Estado e que devem ser exigidas com mobilização de rua. 

O governo Lula precisa adotar medidas sociais urgentes que não serão bem-vindas pelos bancos e grandes empresários, o tal mercado, mas certamente terão apoio popular, dos trabalhadores e jovens em todo o país.

O DAP está preparando um Encontro Nacional em maio neste cenário. De prontidão e com muita disposição, é preciso seguir as mobilizações de rua e contra atacar.

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