Em Mato Grosso, federação do PT tem candidatos do agronegócio

Domingos Garcia foi pré-candidato a govenador pelo PT

A Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB, PV) escolheu a primeira dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro (PV), esposa do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), como candidata a governadora de Mato Grosso, ao mesmo tempo em que cedeu a candidatura a senador ao deputado federal Neri Gueller (do PP), representante do agronegócio ligado ao ex-governador e ex-ministro Blairo Maggi. No pacote, outro representante do agronegócio, o senador Carlos Fávaro (PSD), foi integrado à coordenação nacional da campanha Lula.

Dessa forma foi preterida a candidatura a governador do professor e sindicalista Domingos Sávio, do PT, apresentada pelo Diálogo e Ação Petista e pelo agrupamento do deputado estadual Lúdio Cabral. A federação também preteriu a candidatura da professora Enelinda Scala (do PT) a senadora. 

Escolhido na pré-convenção do PT, Domingos Sávio defendia candidaturas para valer da federação, ligadas às reivindicações e contra os privilégios que o agronegócio tem dos governos estadual de Mauro Mendes e federal de Bolsonaro, que são aliados. 

Para completar o serviço, a maioria da Executiva do PT de Mato Grosso rejeitou a candidatura de Leonardo Rondon, militante da Juventude Revolução do PT, apoiado pelo DAP, que estava iniciando a organização da sua campanha a deputado federal ligando as reivindicações da juventude à campanha pela Constituinte com Lula presidente.

A justificativa para essa ponte da candidatura Lula com o agronegócio, usando como moeda de troca as candidaturas majoritárias indicadas pelo PT em Mato Grosso, é a suposta necessidade de “ampliar” e dividir o agronegócio, reduzindo as resistências desse setor da burguesia à eleição de Lula e ao futuro governo. 

Por trás dessa justificativa está a adaptação às atuais instituições e o rebaixamento do programa de governo de Lula, com o agronegócio pressionando em defesa de seus interesses, a começar pela manutenção dos privilégios no financiamento das safras e no desmantelamento da legislação e dos órgãos de fiscalização ambiental (IBAMA e ICMbio). O candidato a senador, Neri Gueller, é o relator do projeto de lei que retira Mato Grosso da Amazônia Legal, para permitir a expansão das plantações de soja e de pastos para criação de gado. E ele promete aprovar o projeto no Congresso.

Na base do PT e dos movimentos populares e sindical, a confusão e o desânimo cresceram com essas candidaturas, ainda que a vontade de entrar na campanha para eleger Lula e expulsar Bolsonaro e Mauro Mendes seja grande. 

Os militantes identificados com o DAP estão discutindo com esses movimentos que caminho seguir. Com candidatos estranhos às lutas populares e ligados ao agronegócio, cresce a proposta de votar no 13 para presidente e para governador, e 131 para senador, refirmando a necessidade de uma expressão independente dos trabalhadores e do povo nas eleições.

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