Sobre a decisão do PT de AL:Carta ao Diretório Nacional do PT
Leia carta que Misa Boito, Luiz Eduardo Greenhalgh e Markus Sokol dirigiram ao Diretório Nacional (DN) do PT em nome do Comitê Nacional do Diálogo e Ação Petista
Companheiras e companheiros,
Dirigi-mo-nos a vocês neste momento desafiador para o país, a democracia e o PT.
De um lado, Temer 3% insiste na escalada de medidas reacionárias e obscurantistas – agora tentando votar a contra-reforma da Previdência – apesar da crise que, em virtude da resistência popular, já corrói a coalizão golpista (nos partidos, no Judiciário, entre grandes empresários e na mídia).
De outro lado, emerge a figura de Lula como candidato a presidente, favorito nas pesquisas, apesar dos ataques ininterruptos e da perseguição judicial constante, consagrando nas Caravanas que “Eleição sem Lula é fraude”, porque sua candidatura representa aos olhos de crescentes setores populares a única saída do regime golpista e de superação de seus atos antipopulares.
Neste momento, para se concentrar exclusivamente nos duros combates que temos pela frente, preferíamos que não existisse o problema incontornável que nos leva a enviar-lhes esta carta:
- O Diretório Regional do PT de Alagoas decidiu por 25 a 15 votos, no último dia 25 de novembro, voltar a integrar o governo de Renan Filho (PMDB), de onde saiu logo após o golpe do impeachment, em 2016.
Somos radicalmente contra essa decisão.
Companheiras e companheiros,
Há seis meses, o 6o Congresso do PT adotou um conjunto de resoluções que vem ajudando a retomada do partido duramente golpeado no período anterior. Entre as decisões unânimes do Congresso, está a de que “a política de alianças, incluindo coalizões eleitorais, deve aglutinar quem partilhe de uma perspectiva anti-imperialista, antimonopolista, anti-latifundiária e radicalmente democrática”.
Ora, o governo Renan Filho em nada partilha destas perspectivas. É um governo de desmonte dos serviços públicos e de privatização da companhia estadual de água e saneamento (CEAL), além de arrochar salários e até perseguir sindicalistas. Não difere do senador Renan Calheiros que, como Presidente do Senado, conduziu o impeachment da presidente Dilma, bancou e deu celeridade às medidas dos golpistas, como a quebra do marco regulatório do pré-sal e a PEC do congelamento de gastos por 20 anos, entre outras.
Uma recomposição com o grupo Calheiros seria um desastre para o partido em Alagoas, e terá repercussão nacional, abrindo um grave precedente de repetição de erros que custaram tão caro ao partido. Desde já, são publicas outras pressões no mesmo sentido em outros Estados.
Não é possível governar com grupos sem compromisso com as aspirações do povo brasileiro e que, concretamente, estão mesmo é comprometidos com várias das medidas dos golpistas que, com a candidatura de Lula, nos propomos a revogar.
Por tudo isso, nos somamos aos diferentes setores do partido que, desde Alagoas, pedem uma reflexão e um pronunciamento urgente ao DN que se reúne 15 e 16 de dezembro. É necessário que o DN, cujo mandato decorre das decisões do 6o Congresso, encaminhe a reversão da deliberação do DR-AL.
São Paulo, 05 de Dezembro de 2017
Compartilho com a carta do Diálogo e Ação Petista sobre o retorno da aliança com o PMDB de Renan Calheiros.