7º ENDAP: No Brasil como na Venezuela, a questão da Constituinte Soberana
7º Encontro Nacional do Diálogo e Ação Petista foi aberto por ato com a presença de Gleisi Hoffmann, presidente do PT e Raúl Ordoñes, deputado venezuelano eleito na lista dos trabalhadores
Na instalação da mesa do ato de abertura do Encontro Nacional do Diálogo e Ação Petista, Misa Boito destacou que, reforçando a convicção de que a reconstrução do PT é possível e necessária, os delegados tinham em suas pastas a última pesquisa sobre preferência partidária, onde o PT tem porcentagem de preferência que ultrapassa a soma de todos os demais partidos pontuados. Ela compôs a mesa com Luís Eduardo Greenhalgh, do Comitê Nacional do Diálogo e Ação Petista, com a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT e Raul Ordoñes, deputado constituinte venezuelano e presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Água Potável. Antes de passar a palavra aos membros da mesa, foi projetado um vídeo da caravana de Lula pelo Nordeste.
“Atual Constituinte é para aprofundar conquistas”
Primeiro a falar, Ordoñes narrou as circunstâncias que desembocaram na convocação, pelo presidente Maduro, da Assembleia Nacional Constituinte.
Boicotada pela oposição, a eleição da Constituinte em 30 de junho teve adesão de grande parte da população. Contra a propaganda da impressa burguesa, da “ditadura” do governo venezuelano, ele ressaltou as 22 consultas eleitorais convocadas desde o primeiro governo do ex-presidente Hugo Chávez, inclusive as parlamentares de 2016 vencidas pela oposição, cujos resultados foram respeitados.
Ordóñez ressaltou que depois da eleição da Constituinte a oposição recuou, não só em relação às violentas ações de rua, como se dispondo a participar das eleições regionais (ver pag. 12). E destacou que a tarefa da atual Constituinte é aprofundar a Constituição de 1998, resultado da Constituinte convocada pelo então presidente Chávez. Deu como exemplo a Lei Orgânica do Trabalho (LOTT), conquistada depois e que não consta da Constituição de 1998. Ele enfatizou ainda que foi a Constituinte de 1998 que, ao reformar as instituições, permitiu ao governo Chávez, e agora ao governo Maduro, resistirem à ofensiva imperialista.
Ordoñes destacou que o desenlace da luta dos trabalhadores no Brasil é fundamental para a vitória da luta do povo venezuelano. Depois de referir-se à crise econômica ainda em curso (com desabastecimento, muito por conta da atuação criminosa dos grandes empresários), mas sem que o governo abrisse mão dos programas sociais, Ordóñez saudou a proposta “Lula Presidente com Constituinte”, como dizia a faixa colocada na mesa do ato.
“A Venezuela conseguiu resistir”
Gleisi referindo-se à situação na Venezuela, disse que a “nossa direita”, vê golpe com voto no país vizinho e não vê golpe sem voto e um presidente ilegítimo no Brasil: “A Venezuela conseguiu uma coisa muito importante, que foi resistir, inclusive a essa pressão internacional”. A presidente do PT atribuiu a crise brasileira ao “avanço do capitalismo. Ele mostra sua face mais perversa, sustentada em interesses financeiros, (que) não levam em consideração países e estados”. “O PT e Lula têm papel importante nessa resistência, estávamos muito recuados, mas agora começamos a compreender o que está e jogo”, disse.
“Para nós é fundamental esse processo de resistência e a candidatura de Lula. Ele não é só candidato do PT, mas de parcela expressiva da sociedade, por isso essa história de plano B ou C não existe, é só Lula”.
Gleisi ainda defendeu que o país precisa de reformas, e que Lula presidente deve chamar uma Constituinte Soberana para promovê-las. “Reformas de acordo com os interesses dos trabalhadores e da maioria do povo brasileiro.”
Debate esclarecedor
Aberta a palavra ao plenário, um dos inscritos foi o vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy. Em sua intervenção ele enfatizou a importância de ter ouvido Raúl Ordoñes para compreender o que se passa na Venezuela.
Ao término do debate Raul entregou a Gleisi um exemplar da Constituição Venezuela de 1998, “livrinho que todo venezuelano carrega consigo”.
Ao final do ato, correspondendo ao internacionalismo presente na discussão, situando a relação entre a luta dos povos da Venezuela e do Brasil e de todos os povos, com o plenário revelando muito ânimo, todos em pé cantaram a Internacional.