Diálogo Petista 42
Congresso do PT : pelo fim do PED!
Resgatar a democracia interna do PT
Entrevistamos Edmilson Menezes, professor, dirigente do PT de Pernambuco e membro da Coordenação do Diálogo Petista, sobre as propostas discutidas no último Encontro Nacional do DP para este congresso estatutário do PT.
DP – Pode explicar a proposta de fim do Processo de Eleições Diretas (PED) com eleição de direção e delegados desde os encontros de base?
Edmilson Menezes: Nos encontros, desde a base, tanto a eleição dos delegados, quanto a eleição das direções, ocorre num quadro de uma discussão viva entre os seus participantes, a partir das teses inscritas, que permite construir a base política para a formação das chapas nos próprios Encontros.
Assim, a o resultado da eleição das direções se dá muito mais sobre a influência da discussão política, do que sobre a influência do peso do poder econômico. Nos sucessivos PEDs, como temos visto em cada eleição, o poder econômico não apenas tem gerado condições profundamente desiguais na concorrência entre as chapas e candidatos como tem introduzindo a prática da compra de votos de uma massa de filiados, não apenas sem conhecimento sobre a discussão política que está sendo feita, mas que inclusive não sabe sequer mesmo o que é o PT. E isso chegou a um tal ponto, que outros partidos já começam interferir no resultado do PED, através do financiamento de candidaturas nas disputas internas do PT, em troca de acordos de alianças partidárias.
Foi o que ocorreu no último PED em vários municípios, segundo denúncias feitas no Encontro do Diálogo Petista, a exemplo de Lagoa de Itaenga (PE).
DP – Que relação há entre reforma estatutária e reforma política?
Edmilson Menezes: A relação é evidente. Da mesma forma que uma reforma estatuária que resgate a democracia interna no PT, passa necessariamente pelo fim do PED com a volta da Eleição da Direção e dos Delegados, desde os Encontros de Base, como única forma acabar com a progressiva degeneração na escolha das direções do partido, devido à corrupção praticada através do poder econômico no PED. Assim também, uma verdadeira reforma política no país, deve começar pelo respeito ao mínimo de "um homem, um voto", o que pede necessariamente "outras instituições" em substituição às atuais a começar pelo o fim do senado antidemocrático — verdadeiros "balcões de negócios", onde a principal moeda de troca é a corrupção – às quais o PT tem se adaptado e, por isso mesmo tem sido arrastado para a vala comum, em que chafurdam os partidos da burguesia. O que a meu ver , para poder se realizar, pede a convocação de uma Assembleia Constituinte Soberana.
Enquanto isso, de PED em PED, o PT vê o vale-tudo de generalizar no seu interior como produto dessa adaptação às instituições.
Creio que militantes e quadros de todos os setores e correntes do PT estão profundamente incomodados com esta situação generalizada no PT. Essa foi a razão pela qual, surpreendendo a cúpula de todas as correntes no último Congresso do PT, em fevereiro do ano passado, a proposta de fim do PED ali apresentada praticamente dividiu o plenário com votos entre delegados de todas as chapas.
DP – Qual a participação e debate existe hoje a respeito no PT do teu Estado?
Edmilson Menezes: No próximo dia 16 de agosto, no Recife, será realizada uma reunião do Diálogo Petista onde será apresentado o resultado da Reunião Pela Revogação da Lei das Organizações Sociais (OSs) de Santa Catarina. Nessa reunião pretendo propor que o Diálogo Petista convoque debates sobre nossa proposta ao PED nas cidades de Recife e Jaboatão, na região metropolitana, e em Lagoa de Itaenga, na Zona da Mata.
Pretendo também propor na Executiva Estadual do PT que ela convoque debates nas principais cidades-pólo do Estado sobre as propostas para o PED inscritas no próximo congresso do PT.
Juiz de Fora (MG)
Colocar a campanha contra a destruição dos serviços públicos na rua!
Duas reuniões do Diálogo Petista foram realizadas em 12 e 17 de julho na cidade de Juiz de Fora. Em ambas estiveram presentes lideranças e militantes de bairros e sindicatos.
Na reunião do dia 12 de julho, Marola, diretor da Federação de Associações de Moradores do Estado de MG e da coordenação do Diálogo Petista na cidade, avaliou que o corte de verbas pelo governo Dilma prejudica a saúde e ajuda nos argumentos que defendem a privatização do setor, tal como faz o prefeito de Juiz de Fora, Custódio Mattos (PSDB), que tem entregue hospitais para as Organizações Sociais (OSs).
Paulo Dinali, professor e membro do comando de greve, ponderou sobre as ações do PT que levam militantes a questionar as vantagens de se eleger um governo do partido que não cumpre o mandato de classe. Na sua fala demonstrou que o anúncio da privatização do petróleo e dos aeroportos enfraquecem o PT. Revelino, servidor da UFJF, fez um relato a respeito das motivações que levaram sua categoria à greve, destacando os efeitos da eventual aprovação do Projeto Lei proposto pelo governo que privatiza os Hospitais Universitários. Em suas palavras, “trata-se de retomar e insistir na proposta da MP 520 já derrotada”.
Na segunda reunião, realizada na sede da Associação de Moradores do Bairro Sagrado Coração, moradores relataram problemas do bairro como a falta de transporte público. Dona Aparecida, presidente da Associação, defendeu a necessidade de fortalecimento das entidades que representam a classe trabalhadora e os mais humildes. Todas as falas refletiram o descontentamento com a administração do PSDB na cidade e apontaram para a necessidade de se construir uma candidatura petista de ruptura com a política de destruição dos serviços públicos.
Por isso, o Diálogo Petista em Juiz de Fora definiu como alguns de seus encaminhamentos a ampliação da campanha contra a destruição e privatização do serviço público na cidade, adotada desde a última reunião do Diretório Municipal do PT, mas que não ganhou o envolvimento da direção. Também ficou decidida a construção de uma reunião mais ampla com os sindicalistas do PT para fortalece a luta contra o governo tucano.
Oleg Abramov