Virar à esquerda e cumprir as promessas de campanha para reverter a popularidade em queda
Não é retórica para o PED, é uma necessidade. O manifesto “Virar à esquerda!”, que já conta com mais de 1400 adesões, afirma: “No Brasil e no PT, depois das eleições, a situação é complicada. Até aqui, o partido acompanhou as muitas concessões do governo Lula à Faria Lima. Então, apesar dos programas sociais e de certas atitudes internacionais, o governo largou mão de importantes compromissos de campanha, o que inquieta o povo e ameaça levá-lo à ruína. Ainda é tempo de reagir.”
Sim, ainda é tempo, e sim, seguir nessa mesma trilha nos levará à ruína. A queda consecutiva de popularidade do governo tem motivos reais, não dá para “matar o mensageiro”. As “reformas” do impeachment de Dilma de 2016 como a da previdência e trabalhista continuam aí. As tímidas medidas contra o aumento dos preços dos alimentos não surtiram efeito e o caixa do supermercado segue apertando o orçamento e alimentando a frustração. Os grandes produtores de ovos e café, por exemplo, seguem exportando enquanto os preços disparam no Brasil.
A sequência de quedas na aprovação do governo agora mostra o desgaste no Nordeste, entre as mulheres e trabalhadores com renda até 2 salários mínimos (70% da população está nesta faixa). Entre os jovens (16 a 34 anos) a desaprovação saltou para 64%! Tudo se liga aos 71% que afirmam que o governo não tem conseguido cumprir as promessas de campanha, fato que não pode ser rebatido.
É preciso ver as coisas como elas são. Um levantamento feito na Câmara pelo jornal OESP sobre o projeto de anistia de Bolsonaro indica que os golpistas já contam com o apoio de 194 deputados. Explicando melhor, faltariam 63 votos para uma maioria absoluta. Nos bastidores se fala que a negociação de emendas parlamentares pode impedir o desastre. Em 2016, a crença na negociação com os deputados deu no que deu.
Apesar da crescente rejeição do governo em sua base social, Lula segue favorito faltando 18 meses para as eleições. Segundo pesquisa, Lula estaria na frente de Bolsonaro (inelegível) num empate técnico, venceria Tarcísio de Freitas (Republicanos), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União), Ratinho Júnior (PSD), Pablo Marçal (PRTB) e Michelle Bolsonaro (PL).
A preparação para 2026 começa nas lutas, agora. Esse precioso apoio precisa ser revertido em mobilização social para destravar as mudanças adiadas. É se apoiando no povo que vamos nos livrar das chantagens do Centrão e abrir caminho para uma ampla reforma política que comece colocando fim às emendas parlamentares, sob a perspectiva de um Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana pelas demandas sociais. Foi isso que 74 delegados eleitos por 49 grupos de base reafirmaram no 10º Encontro Nacional “Roberto Salomão” do Diálogo e Ação Petista. “Virar à esquerda!” e cumprir as promessas adiadas. A Faria Lima não aprovará, mas o povo sim!
Marcelo Carlini, suplente do DR PT/RS