“Apesar do que ele vem passando, o Dr. Abu Safiya está tentando manter o moral”

Entrevista exclusiva concedida ao jornal Informations Ouvrières em 26 de março, com Gheed Kassem, advogada do Dr. Hussam Abu Safiya, após sua última visita à prisão em 20 de março. O Dr. Hussam Abu Safiya foi preso em 27 de dezembro do ano passado, juntamente com toda a equipe do Hospital Kamal Adwan (no norte da Faixa de Gaza), que ele dirigia.
Por nossos correspondentes na Palestina
Gheed Kassem, advogada, nos disse: “O Dr. Abu Safiya foi severamente espancado seis vezes por seus carcereiros desde a nossa última visita, há dez dias. Quatro de suas costelas foram quebradas e seus olhos apresentam contusões evidentes devido aos golpes”.
Gheed Kassem relata que, apesar do que ele vem passando, o Dr. Abu Safiya está tentando manter o moral. Ela explica: “Ele sabe que há uma campanha internacional maciça no exterior do país para libertá-lo. Está preocupado com a retomada da guerra. Faz muitas perguntas sobre o hospital, sobre os funcionários, sobre os pacientes, sobre seu filho, que foi morto pelo exército israelense e está enterrado no pátio do hospital… Ele pergunta se o corpo do seu filho foi transferido para fora do hospital, se foi transferido do túmulo para um cemitério em Gaza”.
Quanto às condições de detenção, Gheed Kassem diz: “Quase não há comida para ele e para os detentos, e o banheiro só está disponível para banho uma hora por semana e por um minuto. Há apenas uma toalha para cada cinco detentos”.
Ela acrescenta que já visitou 121 ex-detentos de Gaza e explica: “Todos os detentos de Gaza que foram libertados e todos aqueles com quem me encontrei disseram que os carcereiros inseriram um bastão em seus ânus e que foram atacados por cães que lhes morderam o corpo”.
Quanto ao Dr. Abu Safiya, sua advogada diz que “sua situação jurídica é a de um ‘combatente ilegal’, o que significa que ele pode passar anos na prisão sem julgamento”.
Ao final dessa entrevista, Gheed Kassem pediu a intensificação da campanha internacional pela libertação do Dr. Abu Safiya, bem como de todos os detentos de Gaza presos sem provas e sem julgamento.