Docentes dizem NÃO À GUERRA

O texto abaixo foi apresentado ao 40º Congresso do ANDES-SN (26 de março a 1 de abril) na forma de uma proposta de moção. Por razões alegadamente regimentais, o texto não foi a voto no Congresso, mas chegou às mão de todos os delegados.


NÃO À GUERRA! PELA AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS! FRATERNIDADE ENTRE OS POVOS!

Em 24 de fevereiro de 2022, tropas russas, sob a ordens do governo de Putin, violaram as fronteiras da Ucrânia e invadiram o território deste país, numa guerra de ocupação com vistas à anexação. Em seu pronunciamento pela TV estatal russa, em 22 de fevereiro, anunciando e justificando a invasão, Putin atacou a própria existência de uma nação e de um povo ucraninano, se valendo de uma falsificação histórica: “a Ucrânia contemporânea foi total e completamente criada pela Rússia, pela Rússia comunista bolchevique. Esse processo começou quase imediatamente após a revolução de 1917, e Lenin e seus camaradas agiram de maneira muito pouco delicada com a Rússia: tiraram dela, tiraram parte de seus territórios históricos”. A nação ucraniana e seu povo existem secularmente, a Revolução de Outubro de 1917 libertou a Ucrânia da opressão do Império czarista.

Com a entrada na Ucrânia de tropas da Federação Russa, que já se estende por mais de um mês, a guerra está de volta à Europa, com sua procissão de mortos, feridos e de populações aterrorizadas pelos bombardeios, gerando já cerca de 3 milhões de refugiados. Não é mais uma guerra localizada, é já o maior conflito europeu desde a 2ª Guerra Mundial e leva ao sacrifício os povos e a classe trabalhadora da Ucrânia e da Rússia, em primeiro lugar, mas também do povo trabalhador da Europa, e a seguir do mundo inteiro.

Isto se dá no contexto de guerras imperialistas e intervenções militares que ocorrem nos quatro cantos do planeta, no momento em que as exigências do imperialismo, particularmente o estadunidense, visam a esmagar os povos sob seu tacão. Isto ocorre enquanto o militarismo se estende sob a égide do imperialismo dos EUA, com o acordo estratégico de Biden com a Austrália e o Reino Unido contra a China, com a parceria estratégica com os Emirados Árabes e o Estado de Israel contra o povo palestino, com o fortalecimento e extensão da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), com os seguidos ataques ao povo do Iêmen pela Arábia Saudita e os Emirados.

A OTAN, que é um instrumento do imperialismo dos EUA para a militarização do continente europeu, não é uma saída para os povos. O povo ucraniano é refém entre a OTAN e Putin. Lembremos que foi a OTAN que interveio na bárbara guerra da Iugoslávia, bombardeando a Sérvia durante semanas, atingindo a população e todas as instalações militares e civis. Lembre-se também que foi a OTAN, com base nas exigências dos Estados Unidos, que atacou militarmente o Afeganistão em 2001.

A guerra então não é dos povos. Os povos russo e ucraniano, os povos europeus, e os povos do mudo inteiro são e serão vitimidos pela guerra e seus efeitos. O povo ucraniano vê a destruição do seu país, de suas condições elementares de vida, da infra-estrutura, da economia, dos empregos. Em nome do perigo da guerra na Europa, os governos querem impedir o povo trabalhador de revindicar e de defender-se dos ataques dos governos, tentando impor um consenso em nome da segurança. Estes líderes da União Europeia se alinharam atrás dos Estados Unidos para aumentar as sanções contra a Rússia, que atingirão, antes de mais nada, dramaticamente, os povos da Federação Russa já empobrecidos pela política de Putin. A guerra ademais é pretexto para tremendos ataques aos direitos democráticos do povo russo, com milhares de prisões dos que se pronunciam contra a guerra, além de uma pressão sem precedentes ao direitos de manifestção, como denuncia o Sindicato Universidade Solidária, dando conta das ameaças de demissão contra docentes e funcionários.

Expressão deste ataque generalizado aos povos, especialmente, neste caso, às nações europeias, foi o fato de, em 11 de março de 2022, os 27 líderes da União Europeia se reunirem para aumentar as despesas militares nos próximos sete anos. Olaf Scholz, premiê socialdemocrata da Alemanha, já ampliara as em US$ 110 bilhões os gastos militares do país. Magdalena Andersson, primeira-ministra social-democrata da Suécia, disse que “queria  investir em escolas e aposentadorias, mas devemos gastar mais com defesa”. Quem se beneficia com a escalada militar é a indústria de armamentos, os artífices da morte em massa.

Os fatos mostram que não há lado bom nessa disputa intercapitalista. Nela, não há um “campo progressista”. Há uma nação refém da disputa, a Ucrânia, e o esmagamento das condições de vida e dos direitos do povo russo e do restante da Europa. Nenhuma geopolítica, nem a de Putin nem a de Joe Biden, nem a de Zelenski, pode justificar essa guerra por mercados e lucros.

Não há saída conforme os interesses dos povos que não seja o fim da guerra e o respeito à autodeterminação dos povos. Só os povos podem, livres da ingerência das potências econômicas e militares, determinar seus próprios destinos.

  • Não à guerra!
  • Retirada imediata das tropas russas da Ucrânia!
  • Autodeterminação do povo ucraniano!
  • Nenhuma anexação!
  • Fim das sanções à Rússia!
  • Abaixo as alianças militares!
  • Abaixo a OTAN!
  • Fraternidade entre os povos!

Porto Alegre, 31 de março de 2022

Márcia Morschbacher (Diretora da SEDUFSM), José Arlen (Presidente da APUR), Fernando Cunha (Presidente da ADUFPB), Alberto Handfas (Diretor da ADUNIFESP), Nicole de Pontes (Presidente da ADUFERPE), Domingos Sávio Garcia (Presidente da ADUNEMAT), Érika Suruagy (Diretora da ADUFERPE), Celi Taffarel (Delegada da ADUFAL), Jazomar Vieira da Rocha (Diretor do SINDUTF-PR), Ari de Sousa Loureiro (Observador pela ADUFPA), Ronalda Barreto Silva (Coordenadora da ADUNEB), Ireninilza de Oliveira e Oliveira (Diretora da ADUNEB, Rogério Anez (Vice-presidente da ADUNEMAT), Leni Hack (Tesoureira da ADUNEMAT), Laudemir Zart (Tesoureiro adjunto da ADUNEMAT).

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