O que se passa em Cuba?
O Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT) se posiciona sobre os acontecimentos em Cuba através de artigo de Júlio Turra, membro de sua coordenação. Ele afirma que “estamos dispostos à ação comum pelo fim imediato do bloqueio econômico dos EUA a Cuba” , defende as conquistas da revolução cubana e também o direito à livre manifestação de seu povo. O Diálogo e Ação Petista é aderente do AcIT.
Mais do que nunca, fim imediato do bloqueio dos EUA a Cuba!
Somente o povo cubano deve decidir seu destino!
Fora com as patas imperialistas de Cuba!
No domingo, 11 de julho, milhares de manifestantes saíram às ruas de várias cidades de Cuba pedindo alimentos, vacinação e gritando “liberdade”. Um movimento nunca visto nas últimas décadas.
Não era segredo para ninguém que a situação econômica e social da ilha era dramática. O próprio presidente de Cuba, Diaz Canel, admitiu os problemas existentes, ao dirigir-se ao povo cubano pela televisão em resposta às mobilizações ocorridas, atribuindo-os ao criminoso bloqueio econômico decretado pelo imperialismo estadunidense durante 60 anos. Bloqueio mantido por sucessivos governos instalados em Washington, democratas ou republicanos, mesmo durante a atual pandemia de Covid-19.
Cuba vive enormes dificuldades econômicas – o PIB teve queda de 8% em 2020 – acentuadas pela pandemia (queda do turismo, retração dos financiamentos da China, além da intensificação do bloqueio no governo Trump). O governo cubano, desde janeiro deste ano, iniciou reformas econômicas que prevêem o fim dos subsídios e de ajudas ao consumo popular e às empresas públicas; a introdução de novas tabelas salariais e medidas de abertura ao investimento estrangeiro. Ao anunciá-las, Diaz Canel disse que “esta tarefa não é isenta de riscos”, como que prevendo o descontentamento popular e as tensões sociais que poderiam provocar.
Obviamente, o atual representante do imperialismo dos EUA, Joe Biden, que não afrouxou o bloqueio contra Cuba, quer cavalgar qualquer manifestação de insatisfação com a situação que assola o povo cubano para seus próprios fins, falando cinicamente de “democracia” ao mesmo tempo que dá todo apoio à política racista e repressiva do Estado de Israel e à monarquia da Arábia Saudita, para ficar em dois exemplos.
Cinicamente também, os governos e instituições européias, enquanto aumentam a legislação repressiva em cada país, pretendem dar lições de democracia ao povo cubano, submetendo-se às exigências e ditados do imperialismo dos EUA no seu bloqueio contra Cuba.
Os governos latino-americanos a serviço de Washington, como os do Brasil, Chile e Colômbia, confrontados com as mobilizações de seus próprios povos contra eles, fazem coro a Biden clamando “contra o comunismo”. Da mesma forma, a direita peruana, derrotada pelo povo que elegeu Pedro Castillo presidente, destila seu ódio a Cuba.
O Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT) se posiciona incondicionalmente contra o bloqueio econômico a Cuba e defende as conquistas da revolução cubana. Defende, ao mesmo tempo, que só ao povo cubano compete decidir o seu destino, com todos os direitos de manifestação, expressão e organização que defendemos para todos os povos do mundo, sem nenhuma interferência do imperialismo.
Sobre essas bases, estamos dispostos à ação comum pelo fim imediato do bloqueio econômico dos EUA a Cuba – ainda mais criminoso em tempos de pandemia que vivemos – e pela defesa da soberania do povo cubano, contra qualquer agressão ou ingerência imperialista.
13 de julho de 2021
Julio Turra, membro da coordenação do AcIT