CILI-Américas realiza conferência virtual sobre teletrabalho
O Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI), criado pelo Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT), reuniu no último dia 8 de maio companheiros e companheiras das Américas numa conferência virtual sobre o teletrabalho.
A atividade foi aberta sob o impacto do levante do povo trabalhador na Colômbia contra o governo direitista de Iván Duque e adotou uma moção de apoio às mobilizações em curso no país vizinho. Com a presença de participantes do Brasil, Equador, Guadalupe, Haiti, México, Peru e Venezuela, a atividade foi aberta com cinco informes sobre a situação do teletrabalho em distintos países.
O que se evidenciou nas intervenções é que a situação é similar em todos os países, guardadas as peculiaridades. Embora seja um fenômeno anterior, com a pandemia, os patrões e os governos deram uma ofensiva na implantação e generalização do teletrabalho. O objetivo é o de destruir os contratos de trabalho, as convenções coletivas, os planos de carreira dos trabalhadores, convertendo as relações de trabalho em acordos individuais entre patrões e empregados. Em geral, nas empresas que adotam o sistema de teletrabalho, tais relações se baseiam em remunerações variáveis determinadas pelo pagamento por hora ou, diretamente na produtividade e num regime de pagamento por resultados, sem qualquer patamar mínimo de salários. Sob formas específicas, este sistema, surgido na esfera das empresas privadas, vem se transferindo para o setor público.
Os expositores e, depois, os participantes que tomaram a palavra, também mostraram que nos distintos países os governos vêm destruindo a legislação trabalhista para que permitam este tipo de relação de trabalho desregulamentada que desprotege a classe trabalhadora e apoia os patrões e os governos que visam a reduzir seus custos extinguindo as conquistas trabalhistas arrancadas em décadas de luta de classes. Ademais, o teletrabalho tem favorecido os processos de privatização como mostraram intervenções, como a dos companheiros peruanos.
Ataque aos sindicatos e direitos coletivos
A liquidação das relações coletivas de trabalho leva, então, a um ataque à organização dos assalariados, as centrais, sindicatos e partidos de trabalhadores, visto que atingem estas organizações nas suas próprias bases constitutivas, os direitos e garantias assegurados na luta. O sonho dos capitalistas em qualquer país é justamente a atomização da classe trabalhadora, o isolamento de cada trabalhador, a destruição do sindicato para passar a completa desregulamentação do trabalho.
As várias intervenções mostraram a necessidade de se avançar uma pauta de reivindicações que assegure a volta ao trabalho presencial em condições seguras. A volta às lutas de rua, como têm mostrado seguidamente as experiências peruana, chilena e colombiana, entre outras, é uma condição para barrar este processo de destruição.
Ao final da atividade, foi decidido editar um boletim com os principais elementos recolhidos das intervenções, apoiar o povo colombiano em sua luta, bem como incentivar manifestações nas representações diplomáticas da Colômbia nos vários países. A reunião se converteu também numa contribuição ao rol de acusações ao capitalismo que o CILI impulsiona a nível mundial.
Eudes Baima