Fome e insegurança alimentar aumentam com política neoliberal de Bolsonaro
Por Milton Alves*
Um dos efeitos mais perversos da política neoliberal do governo Bolsonaro é o aumento da fome, quadro agravado também pela escalada do desemprego, a carestia e da pandemia com origem na disseminação do Sars-Cov-2.
Segundo dados divulgados no mês de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a fome já atinge 10,3 milhões de brasileiros: 7,7 milhões nas áreas urbanas e 2,6 milhões em zonas rurais (Dados colhidos em 2018). Além disso, a insegurança alimentar grave, condição na qual as pessoas relatam passar fome, atingiu 4,6% dos domicílios brasileiros, o equivalente a 3,1 milhões de lares. A fome aumentou 43,7% nos últimos cinco anos.
A pesquisa revela que a insegurança alimentar grave havia recuado de 8,2% da população em 2004 para 5,8% em 2009. Em 2013, a proporção havia cedido para 3,6%. A melhora registrada ao longo de uma década tirou o Brasil do Mapa Mundial da Fome, segundo o relatório global divulgado em 2014 pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A situação atual de prolongada crise econômica e social aponta para a volta do Brasil ao Mapa da Fome, com a disparada da inflação nos preços dos produtos de amplo consumo – arroz, feijão, leite, óleo de cozinha e massas – e do avanço sem precedentes do desemprego e da precarização, que atingem mais de 60 milhões de brasileiros.
O crescimento da fome e da insegurança alimentar são provocadas também por uma política que prioriza o agronegócio exportador e com o desmonte sistemático das políticas de fomento da agricultura familiar e cooperativada voltadas para o consumo interno.
Em pronunciamento feito por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, na sexta-feira (16), o ex-presidente Lula alertou para a urgência do combate à fome no país, denunciando a irresponsabilidade do governo Bolsonaro com a eliminação dos estoques reguladores dos armazéns estatais e a ausência de medidas para controlar a alta dos preços dos alimentos.
Neste sentido, é necessário lutar pelo imediato tabelamento dos produtos de amplo consumo popular, defender a extensão do auxílio emergencial de R$ 600 reais enquanto durar a pandemia e por medidas emergenciais de distribuição de alimentos para os setores já afetados pela fome nas áreas metropolitanas das grandes cidades.
E, principalmente, criar as condições políticas para pôr fim ao governo Bolsonaro – que joga, cada vez mais, milhões de brasileiros na pobreza e na miséria.
*Ativista político e social. Autor do livro ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’.