O povo comemora Oscar e canta “Sem anistia!”; No Paraná, bombas e cassetetes

Mais de 5 milhões já foram ao cinema ver o longa “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello. O inédito Oscar de Melhor Filme Internacional foi comemorado nas ruas e o coro “sem anistia” foi repetido no carnaval de diversas cidades.

Contudo, marcou sua presença em Curitiba a violência policial do aparelho repressivo herdado da ditadura militar, com militares golpistas do passado e do presente impunes. Cerca de 5 mil pessoas se reuniram no centro histórico para acompanhar o Oscar num evento organizado pela prefeitura. Sob a justificativa “atender uma denúncia anônima de pichação”, a Polícia Militar e a Guarda Municipal despejaram bombas de gás. Cinicamente a PM respondeu a questionamentos dizendo que atuou “na segurança dos trabalhadores da Prefeitura de Curitiba durante a limpeza de vias”.

Mas preponderou de Norte a Sul do Brasil o grito “sem anistia”. Salvador, Recife, Belo Horizonte, Olinda, São Paulo foram algumas das cidades que registraram esse canto.

No Rio de Janeiro, na terça de carnaval, milhares de pessoas dançaram e protestaram em frente ao prédio onde mora o general reformado do Exército José Belham. O militar foi acusado pelo Ministério Público Federal de responsável pelo desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva das dependências do DOI-CODI, em 1971, mas o caso está parado no Supremo Tribunal Federal.

Com certeza, parte dos 5 milhões de espectadores nas ruas do carnaval, junto com muitos outros cidadãos, embalaram a punição dos golpistas de ontem o hoje. O STF formou maioria para definir que três processos que tratam de vítimas da ditadura, entre eles o de Rubens Paiva, deverão ter “repercussão geral”, ser vinculantes. Isso pode abrir uma brecha na lei da auto-anistia dos militares para puni-los, os aposentados e os descendentes que vivem das rendas do Estado.

Da mesma forma, é preciso punir todas altas patentes e civis envolvidas na tentativa golpista de 8 de janeiro de 2022, para além dos 34 já denunciados pela Procuradoria Geral da República (PGR), tanto os que agiram como que cooperaram com os acampamentos e ficaram calados. É assim que vamos passar a limpo a nossa história e de todos os Rubens e Eunices que sofreram e esperam justiça.

O próximo 30 de março será uma oportunidade de manifestar esta urgência popular. Aguarda-se a palavra do presidente Lula.

Marcelo Carlini, suplente do DR-RS

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