1° de Maio: pelo fim da escala 6X1
18 milhões de postos de trabalho perdidos, queda de 16% do Produto Interno Bruto (PIB), redução de R$ 2,9 trilhões de faturamento das empresas e aumento da informalidade. Este foi o quadro apocalíptico desenhado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), reproduzido pela imprensa, caso a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 seja aprovado no Congresso. Essa farsa que precisa ser desmascarada para armar os trabalhadores no combate em curso.
A chantagem por parte dos empresários não é uma novidade. O cenário catastrófico repete a cruzadas contra o 13º salário. O Globo, em 26 de abril de 1962, estampou em sua capa: “Considerado desastroso para o País um 13º mês de salário”. Hoje, 48 milhões de trabalhadores da ativa e 23,5 milhões de aposentados recebem o 13º e o desastre não veio.
Essa conquista veio após uma dura luta no chão da fábrica com prisões, demissões e uma greve geral 18 dias após a conquista do bicampeonato do Brasil na copa do mundo do Chile. A lei foi sancionada por João Goulart em julho de 1962 e para os aposentados, em 1963. Um dos primeiros registros da luta pelo 13º no Brasil é de 1921.
Os argumentos utilizados pela FIEMG tentam confundir. Um deles é que a produtividade dos trabalhadores brasileiros é baixa. É preciso explicar. Num primeiro momento, há uma tendência a acreditar que os brasileiros produzem pouco. É o que os empresários tentam alardear. Contudo, o que eles chamam de produtividade é bem diferente do senso comum sobre o conceito.
O índice de produtividade é o resultado da divisão do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de tudo que é produzido, pelas horas trabalhadas. Assim, a FIEMG afirma que um trabalhador norte-americano produz quatro vezes mais que um trabalhador brasileiro. Melhor explicando, precisariam de quatro brasileiros para produzir o que somente um americano é capaz de fazer, falso.
O fato é que o PIB norte-americano é produto do lugar que os Estados Unidos ocupam no mercado mundial, seu poder econômico, político e militar, muitas vezes às custas da pilhagem de recursos de outros países e a derrubada de governos que ofereçam resistência a seus interesses. Quanto a carga de trabalho, um brasileiro trabalha em média 1.936h por ano, um trabalhador norte-americano, 1.791h, um português 1.649h e um francês 1.490 horas, segundo dados da OCDE (2022).
A FIEMG também ameaça que empresários podem deixar o país caso a jornada seja reduzida. Num singelo exemplo que não leva em conta a superexploração de trabalhadores ou o trabalho infantil, por exemplo. Diz a federação patronal: “Imagine um fabricante de roupas no Brasil e outro no Vietnã. Se a fábrica brasileira paga salários mais altos por menos horas de trabalho, o preço final da roupa será mais caro. As empresas irão preferir produzir no Vietnã, prejudicando o emprego no Brasil.” Interessante que o país utilizado como exemplo tem, segundo a UNICEF, mais de 1 milhão de crianças entre 5 e 17 anos envolvidas em trabalho infantil. Coincidência? Questões como estas precisam ser discutidas com os trabalhadores. É possível e necessário reduzir a jornada de trabalho e colocar fim à escala 6×1 sem que o país “quebre” ou que milhões de postos de trabalho sejam perdidos. O PT precisa sair às ruas, a CUT colocar nas empresas, terminais etc. e o governo bancar a PEC de Erika Hilton que tramita na Câmara, é o que defende o Diálogo e Ação Petista Associação entre os 13 pontos apresentados à militância em direção ao PED.
Marcelo Carlini, suplente do DR PT/RS