“Empate técnico” nas eleições no Equador

O povo foi às urnas em 9 de fevereiro com 16 candidatos a presidente e vice-presidente, membros da Assembleia Nacional e Provincial e Parlamento Andino, em um país de 18 milhões de habitantes. Era evidente que havia duas tendências políticas disputando o eleitorado, que agora vão ao segundo turno. O pano de fundo das eleições eram a carestia e apagões.

De um lado, Daniel Noboa, da Ação Democrática Nacional (ADN), representante do capital nacional e internacional, cuja política como presidente foi de ataques às demandas do povo, eliminação dos subsídios aos combustíveis, o aumento dos impostos e aumento da violência, e agora de completa subordinação aos novos dispositivos do governo Trump. 

De outro lado, a chapa da “progressista” Luísa Gonzales, da Revolução Cidadã (RC) de ex-presidente Correa, que agrupa a maioria dos movimentos sociais. Ela já tinha uma intenção de voto de 25%, melhorou e atingiu 43,86% apesar de ter contra ela todo o aparato do Estado.

A campanha da RC foi de “Reviver o Equador e reconstruir” o que foi destruído pelos três governos “neoliberais anteriores”, com propostas sociais, melhorar o orçamento para educação e saúde, combater a insegurança, proteger o trabalhador, criar mais empregos, proteger a seguridade social.

A Assembleia Nacional nestes quatro anos será composta provavelmente por uma maioria do RC com 72 membros da Assembleia nacional e Provincial, e a ADN com 69 membros, enquanto Pachacutik terá 6 e os outros 1, num total de 151.

A luta contra a perseguição legal (lawfare) ao dirigente da RC e ex-vice presidente, Jorge Glas, objeto de uma campanha internacional, e que leva a questionar as instituições do regime, não foi integrada na campanha. Na OEA, que há um ano condenou seu sequestro por Noboa na Embaixada do México onde estava asilado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) exigiu o seu imediato traslado e hospitalização.

Daniel Noboa não conseguiu vencer num único turno, o que foi tido como derrota. As urnas que estavam praticamente apuradas em 13 de fevereiro, garantiam um segundo turno e atribuíam 44,26% a Noboa contra os 43,86% de Luísa. O voto nulo e branco somou 9%. A votação em Luisa da RC expressou um movimento de resistência, apesar de todos os obstáculos, base para construir uma política antimperialista do ponto de vista dos trabalhadores.

A CONAIE – Confederação de Nações Indígenas do Ecuador e seu braço político, Pachakutik, numa aliança com a esquerda de Alfaro Vive Carajo (AVC), obteve 5,86% dos votos e cerca de 6 membros da Assembleia provincial. Pela primeira vez este grupo político terá bancada própria. Ela tem um contencioso com a RC do tempo de Correa, sobre a destruição provocada pela mineração. Ainda não foi anunciado quem o seu dirigente, Leonidas Iza, apoiará no segundo turno (não se descarta que se incline por Noboa).

A única posição a ser tomada no segundo turno de 13 de abril seria que eles se unissem para derrotar o candidato do imperialismo no Equador.

Everaldo Andrade, membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo

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