O que está em jogo no Congresso do Andes?
Entre os dias 27 e 31 de janeiro próximo acontecerá o 43º Congresso do ANDES-SN, sindicato que representa os docentes das universidades públicas.
Esse Congresso se realiza após a categoria passar uma longa greve de 72 dias em 2024, por uma pauta de reivindicações cujo centro era a recuperação de perdas salariais acumuladas desde 2015, que superavam 53%. Com 200 mil participantes, foi a maior greve no governo atual.
Greves com pautas semelhantes ocorreram em universidades estaduais, no Ceará e na Bahia, com governos do PT, e Minas Gerais com governo da direita.
A greve federal foi animada pela perspectiva de recuperação das perdas salariais após a vitória de Lula nas duras eleições de 2022, que teve o empenho da maioria da categoria. No entanto, isso não ocorreu.
Após um reajuste emergencial de 9% em janeiro de 2023, o governo Lula decidiu dar um reajuste salarial somente em 2025, reajustando em janeiro de 2024 somente os vales alimentação, saúde e transporte.
O pano de fundo da negativa de atender os docentes é a aplicação do Novo Arcabouço Fiscal (NAF), negociado com Artur Lira ainda em 2022 na transição para o novo governo, em substituição ao Teto de Gastos do governo golpista de Temer (EC 95). Tudo em benefício do capital financeiro.
A negativa do governo Lula decepcionou a maioria dos docentes e inflamou a greve. A reação do governo Lula à greve foi ruim, com tentativas de derrotá-la lançando mão de práticas antisíndicas usando o PROIFES, entidade divisionista na categoria, e dirigentes de certas Associações de Docentes (ADs), que imaginavam “proteger” o governo, ao invés de seus filiados. Se deram mal.
A maioria das ADs na base do Andes, mobilizou e acompanhou o movimento, algumas poucas furando greve junto com o PROIFES.
O resultado foi uma vitória que arrancou conquistas parciais importantes para a categoria, inclusive uma nova recomposição salarial de 9% em 2025 e 3,5% em 2026. O governo Lula teve que recuar da intransigência.
Agora, neste 43º Congresso do ANDES-SN, se discutirá a continuidade da luta unitária pela implementação do acordo que pôs fim à greve, porque nada está garantido com o NAF, o pacote de ajuste de Haddad e as pressões do “mercado” por mais cortes.
Com o Orçamento 2025 ainda preso no Congresso, o governo baixou um Medida Provisória para implementar o acordo da greve. Mas o Congresso Nacional, controlado pelo Centrão e dependente do toma-lá-dá-cá das emendas parlamentares em negociação, jogou o Orçamento de 2025 para fevereiro.
Os aderentes ao Diálogo e Ação Petista na categoria farão uma reunião de durante o Congresso do ANDES-SN, para discutir o que está em jogo. O sindicato precisa uma nova direção sintonizada com as lideranças das ADs em greve, não dos chapa-branca que atrapalharam, nem dos esquerdistas de sempre, ora em decadência.
A Plenária do DAP será um momento também para encaminhar novas adesões ao DAP e filiações ao PT.
Domingos Garcia – Diretório Regional – PT/MT