Barrar a escalada de Trump contra a Venezuela

Depois da destruição desde setembro de 26 embarcações ao largo do litoral da Venezuela no Caribe e também no litoral Pacífico da Colômbia, ato ilegal do ponto de vista do direito internacional e que provocou 99 mortes de tripulantes acusados sem qualquer prova de “narcotraficantes”, o governo Trump sequestrou um navio petroleiro que ia para Cuba, decretando em seguida o bloqueio das exportações venezuelanas de petróleo.

Com o pretexto do combate ao tráfico de drogas, as operações militares dos EUA no Caribe revelam o seu objetivo real de roubar o petróleo venezuelano e derrubar o governo de Nicolás Maduro em favor de algum capacho de Trump, como Maria Corina Machado, a ultradireitista que defende invasão em seu próprio país e que, talvez por isso mesmo, recebeu o prêmio Nobel da paz, numa farsa vergonhosa.

Em 16 de dezembro o governo Trump aumentou a escalada ao declarar que a Venezuela é um “ente terrorista”. É praticamente uma declaração de guerra, nos marcos da nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA que prioriza o controle político e econômico do “quintal” que seria a América Latina. E Trump tem aliados para tanto na região.

Estamos diante de um cenário extremamente perigoso. Até onde irá Trump? A China, que é o principal destino das exportações venezuelanas de petróleo, se coloca ao lado de Caracas nessa crise, bem como a Rússia. Nos próprios EUA ocorrem mobilizações contra a ameaça de guerra à Venezuela. O presidente Petro da Colômbia, também alvo de ameaças, adotou clara posição de rechaço aos ataques contra a Venezuela. Já o governo brasileiro está devendo uma posição mais contundente contra a agressão militar de Trump ao país vizinho.

O presidente Lula, tal como Claúdia Sheinbaum do México, vem se oferecendo como “intermediário” entre os dois governos para uma solução pacífica. Mas vender a ilusão de que Trump teria se tornado “um amigo” aberto ao diálogo, numa situação em que há claramente um agressor e outro agredido, seria desastroso.  A defesa da Venezuela contra a agressão dos EUA é incondicional e urgente!

O presidente eleito do Chile, José Kast, em reunião com Milei em Buenos Aires, defendeu a intervenção militar dos EUA para derrubar Maduro. Na ocasião, ele propôs um “corredor humanitário” para deportar 300 mil venezuelanos do Chile para seu país de origem. Tal “corredor” dependeria da colaboração de vários países e dos EUA. Desde já os governos de direita do Peru e Paraguai autorizaram o ingresso de tropas dos EUA em seus territórios.

O que reforça a necessidade de combater pelo direito a migrar e pela soberania nacional contra o imperialismo, tal como propõe a Jornada Continental de março de 2026 saída da Conferência realizada no México em setembro passado, referindo-se à Venezuela em particular.

Julio Turra, da secretaria sindical nacional do PT

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