Chacina não! Federalização!

A fila de corpos na praça São Lucas, no Complexo Penha, ilustrou o tamanho da barbárie. A “Operação Contenção”, responsável pelo massacre nos Complexos do Alemão e Penha, já é a mais letal da história do Rio de Janeiro e do país, provocando indignação nacional, devido à alta brutalidade. Relatos de moradores dão conta de corpos no meio da mata com sinais de tortura e execução. O governador Cláudio Castro comemorou o “sucesso” da operação, uma falácia diante a quantidade de mortos; 121 até o momento, podendo, ainda, aumentar. O tamanho da violência requer uma resposta, pois, operações violentas nas periferias do Brasil são comuns e, quase sempre, ficam sem qualquer investigação e punição.

É devido a esse histórico de impunidade à violência policial que, no dia 29 de outubro, mais de 300 pessoas tomaram saíram em passeata pelo centro da cidade de São Paulo, exigindo o fim da impunidade e da violência cometida pelo Estado sobre os mais pobres do país.

O ato convocado pelo Comitê da Campanha pela Federalização das Investigações da Chacinas, reuniu diversas organizações, coletivos de mães e de negros, movimentos de moradia, sindicatos e parlamentares; todos que, por diversos motivos, sofrem com a truculência policial. Essa construção unitária esteve presente no percurso do ato, que se concentrou no Theatro Municipal, palco importante na história do movimento negro, e passou pela Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público, encerrando na Praça da Sé.

Entre as falas de destaque, esteve a leitura de uma Carta pelas mães em frente ao Ministério Público de São Paulo, responsável por arquivar diversos casos de meninos mortos pela ação policial. A Carta dizia que quando se arquivam os casos, matam, novamente, os familiares. O ato foi construído após várias reuniões e, por uma infeliz ironia do destino, acabou acontecendo um dia após o massacre no Rio de Janeiro. Sem dúvida, acabou sendo a primeira resposta organizada no país contra a “Operação Contenção,” lembrada em diversas falas e gritos durante a caminhada.

Nesse quadro de luta e revolta, é fundamental uma resposta à altura do governo Lula à violência policial. Essa resposta não virá de Cláudio Castro, mandante dos assassinatos, mas sim do Governo Federal, conjuntamente com a Procuradoria Geral da República e o Ministério da Justiça, ao pedir a federalização das investigações das chacinas pela PF e outros órgãos federais, como as que vimos agora no Alemão e Penha mas, também, Jacarezinho (RJ), Operação Escudo (SP) e Chacina do Cabula (BA).  Nas últimas 24 horas tomaram posição pela federalização do deste do Rio a Defensoria Pública da União, e parlamentares federais como Rui Falcão (PT-SP), Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Ottoniel de Paula (MDB-RJ). O caminho estará sendo aberto para apuração e punição das outras chacinas.

É com esse espírito de luta e de exigência de medidas concretas do governo, que estaremos presentes nos atos chamado para esta sexta-feira, dia 31 de outubro em todo o país.

Jeffei, membro do DAP e coordenador da Campanha Pela Federalização das Investigações das Chacinas

Leia também

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *