Plano Trump, uma tentativa de impor a capitulação total a todo povo palestino
Por certo houve um vislumbre de esperança do povo palestino, com o cessar-fogo para frear o massacre. Mas o “Plano de Paz” orquestrado por Trump é uma tentativa de impor a rendição total à luta do povo palestino, expulso de suas terras com a criação do Estado de Israel (1948). Aos palestinos todos os deveres e nenhum direito, ao estado sionista todos os direitos e nenhum dever, este é o plano.
Awad Abdelfattah, Coordenador da Campanha por Um Único Estado Democrático na Palestina, avalia abaixo o plano Trump (trechos):
Aqueles que pensam que o plano Trump-Netanyahu tem como alvo apenas o Hamas estão enganados. A essência do plano nada mais é do que uma tentativa de impor uma capitulação total ao conjunto do povo palestino e à nação árabe, do oceano ao Golfo, por meio de seus regimes e dirigentes submissos e controlados externamente.
Esse plano é, basicamente, uma versão distorcida dos acordos de Oslo [1993], ainda pior e mais humilhante. Seu objetivo é consolidar Israel como um Estado de apartheid colonialista e racista, sob a tutela colonial estadunidense e ocidental, que impõe aos palestinos as condições para sua sobrevivência, sem lhes conceder o mínimo de reconhecimento de um Estado ou de soberania.
Por trás dessa promessa humanitária temporária [fim dos massacres] esconde-se uma grande catástrofe política: a neutralização do direito do povo palestino à autodeterminação e a supressão do seu direito de resistir à ocupação e à injustiça.
Estamos diante de uma derrota palestina e árabe que, é claro, não durará para sempre. A resistência, apesar de sua grande tenacidade e sacrifícios, não conseguiu impor suas condições políticas. Os regimes árabes não moveram um dedo, e alguns deles até escolheram se aliar ao assassino.
No entanto, há em contrapartida uma derrota israelense mais profunda, não militar, mas moral. Israel se tornou um Estado pária, banido da consciência mundial, e se tornou um símbolo de ódio, colonialismo e extermínio. Este é um momento de virada histórica: ou transformamos essa derrota moral sionista em derrota política que derrube o sistema colonial e segregacionista, e o substitua por um sistema democrático e humano em que todos vivam em igualdade entre o rio e o mar, ou deixamos que ela se dissolva na miragem dos acordos.
A batalha ainda não terminou. A mensagem do povo palestino hoje, bem como a das pessoas livres em todo o mundo, incluindo centenas de milhares de judeus livres, é provavelmente mais clara do que nunca: se a resistência for forçada a aceitar esse acordo, a fim de salvar centenas de milhares de palestinos da morte e do deslocamento, ela não poderá abrir mão da última carta, a carta moral e legal que denuncia o sistema colonialista de extermínio. Renunciar a isso significaria capitular, o que nosso povo não fará e o que nossas futuras gerações não aceitarão”.
Liberdade para o Dr. Abu Safiya!
Uma ampla campanha internacional exige a libertação do Dr..Hussam Abu Safiya, sequestrado pelo exército israelense em 27 de dezembro de 2024, em frente ao hospital onde trabalhava na faixa de Gaza. Mantido preso até hoje, sofrendo maus tratos e brutal tortura, segundo disse um preso libertado esta semana entre os 2000 palestinos, parte do plano Trump, o dr. Safiya estava na lista de prisioneiros elegíveis para libertação. Mas, a pedido expresso de autoridades israelenses, seu nome foi retirado da lista.
Misa Boito, DAP-SP