PCC, fraude a combustíveis e emendas se encontram na Faria Lima

A Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal investigam 40 mil emendas parlamentares indicadas entre 2020 e 2024, são emendas saindo pelo ladrão. A suspeita de desvio é acompanhada do envolvimento do crime organizado com a Faria Lima, esta, por sua vez, envolvida na fraude de combustíveis. Puxando uma pena, vem a galinha toda. A escala da fusão entre deputados, o crime organizado e a Faria Lima expõe o sistema político.

A tentativa de aprovação da PEC da “Blindagem” tinha motivos, ela só não obteve sucesso por conta da reação das ruas à maracutaia dos bandidos e golpistas com parlamentares. À jornalista Vera Rosa (OESP), um ministro do STF afirmou que a maior parte das emendas é “religiosa”, ou seja, o parlamentar abocanha um terço, porque as obras mesmo só ficam no papel.

Pelo menos parte do Judiciário está junto. No Maranhão, por exemplo, há reclamações registradas de “inflação no preço do habeas corpus”, vindas de um agiota que operava emendas parlamentares para prefeituras. Josival Cavalcanti da Silva, vulgo Pacovan, que foi executado em São Luís em junho de 2024.

Uma operação da Polícia Federal contra o PCC revelou como funciona o esquema das emendas. O crime elege ou escolhe seus candidatos, as emendas são indicadas para suas prefeituras, empresas de fachada são montadas para ganhar licitações, e o dinheiro retorna. É forçoso reconhecer que concursos públicos, escolas e postos de saúde administrados diretamente pelo Estado, realmente são obstáculos para a festa que corre solta, ainda mais comparados com OSs, ONGs etc.

Na Faria Lima é onde todos se encontram. Uma operação do Ministério Público de São Paulo demonstrou o ingresso do crime organizado na economia formal. Fintechs – bancos desregulados – e fundos de investimentos, foram usados para ocultar a origem da movimentação financeira estimada em R$ 140 bi. Bancos como o Santander, Master, Genial e outros, também estão sob investigação.

Só em combustível adulterado, importação irregular de metanol e venda de volume menor do registrado, a Operação Carbono detectou de R$ 58 bi em 8 estados. O crime organizado também está presente no mercado imobiliário. Fundos ligados ao PCC reúnem mais de R$ 30 bi, tudo sobre os carpetes da Faria Lima.

Esta degeneração cada vez mais exposta é produto da própria decomposição do sistema, daí a relação siamesa entre o “informal” e o “formal”, o crime e as instituições. Seus desdobramentos políticos estão ligados. Daí a importância de combater e não se adaptar.

As emendas honestamente destinadas por parlamentares não fazem frente à máquina criminosa. O mecanismo das emendas com o crime organizado enfeudado na Faria Lima está na base do funcionamento do Congresso. O próprio Lula vem de dizer que o Congresso “nunca teve o baixo nível como tem agora” e que a “extrema direita que se elegeu em 2022 é o que existe de pior” (OESP 17/10). Diversos cartazes nas ruas dizem “com esse Congresso não dá!”, “reforma política!”. Este é um dos debates que serão travados nos Encontros Estaduais do DAP para tirar propostas para ação.

Marcelo Carlini – Diretório Estadual PT/RS

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