Trump e a Faria Lima ou a Nação e o Povo?

Desde abril, com a sobretaxa por Trump das exportações brasileiras de aço e do alumínio para os Estados Unidos há uma escalada. Em julho, veio a taxa brutal de 50% numa ofensiva política do Império contra a economia do Brasil, o nosso governo – exigem que Lula banque a anistia do golpe de Estado -, e contra o Judiciário que deve condenar Bolsonaro e seus generais. Até agora, não houve ataque ao Congresso reacionário.

O mais recente arranhão foi com o Southern Command, o comando militar Sul dos EUA, que decidiu pular fora das manobras conjuntas com as Forças Armadas em solo brasileiro, em setembro, que se repetem desde 2019 no início do governo Bolsonaro.

A questão grave é a aplicação da Lei Magnitsky americana sobre o juiz Alexandre de Moraes, relator no STF do golpe de Bolsonaro e seus generais. A lei é usada para a “morte financeira” de traficantes, terroristas e autocratas, selecionados (não os amigos da Arábia Saudita, Egito etc.).

Moraes virou a besta-fera, atacado nas redes, em notas e coletivas, por Trump, a cúpula do Departamento de Estado e seu Encarregado de Negócios no país (pois não indicam embaixador substituto). Ameaçam todos que colaborem (!) com Moraes.

Em consequência da Lei Magnitsky, o Banco do Brasil, empresa do Estado aberta com ações na bolsa de Nova York desde 2010 (Lula 2), acaba de cortar o cartão de crédito Mastercard de Moraes, funcionário do Estado “proscrito” pelos gringos, lhe oferecendo o cartão Elo – que coisa feia!

Há um conflito de soberania. O Brasil deve aplicar as suas leis e proteger os seus cidadãos. O Império utiliza a extraterritorialidade válida para os seus cidadãos no exterior, mas cuja aplicação geral é estranha à lei internacional. Os EUA não podem meter o bico a não ser por acordo soberano (fugitivos etc.).

Mas eis que os liberais de meia-pataca do Estadão pontificam em editorial (20/08) que “ao agir para proteger um colega, Dino impôs às instituições financeiras brasileiras uma escolha impossível (sic): desobedecer ao STF e sofrer sanções no Brasil ou desrespeitar a Lei Magnitsky, pondo em risco suas operações nos EUA. Esse risco teve um preço: só nas últimas 48 horas, os maiores bancos do País perderam quase R$ 42 bilhões em valor.” Essa conversa abunda na imprensa.

Os cidadãos e empresas aqui instaladas estão sob a lei brasileira, esclareceu Dino em nota no dia seguinte. Os bancos não estão acima da lei (os americanos são livres para ir embora seguir a sua lei). Eles não podem operar como agentes de estados terceiros, mesmo sendo a nação mais poderosa do mundo – o Brasil se transformaria em protetorado dos EUA!

Ah, mas os banco perderam 40 bilhões de valor de mercado (títulos em Bolsa)? Ora, é muito menos do que o seu lucro trimestral e, afinal, o banco é uma instituição de risco que, por isso, cobra juros, no nosso caso, escorchantes.

Não deveria haver dúvida sobre a escolha entre a Nação e Trump e a Faria Lima. Já não se pode dizer o mesmo da covarde elite vira-lata do país. E apenas a família vende-pátria Bolsonaro. O Congresso assobia. É preocupante que ministros do STF comecem a se reunir com os banqueiros. A classe dominante sempre foi cliente do mercado mundial, primeiro de Portugal, depois da Inglaterra e, finalmente, dos EUA.

A nação e os trabalhadores anseiam pela verdadeira independência. Neste 7 de setembro, todos às ruas por nenhuma demissão por taxação e cadeia para Bolsonaro e seus generais. Trump tire as patas do Brasil!

Markus Sokol, de SP, do Comitê Nacional do DAP

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