Governo Trump intensifica cerco contra a Venezuela
Nesta quinta-feira (21), o presidente Donald Trump ordenou o envio de um esquadrão anfíbio para o sul do Caribe, são três navios transportando 4500 soldados – integrado por uma tropa de 2200 fuzileiros navais. Segundo a Agência Reuters, os navios USS San Antonio, USS Iwo Jima e USS Fort Lauderdale podem chegar à costa venezuelana no próximo domingo (24).
O pretexto usado pelo governo dos Estados Unidos é o do combate aos grupos “narco-terroristas” na região, uma velha cantilena do imperialismo norte-americano para atacar e asfixiar governos considerados hostis no Caribe e na América Latina.
O governo de Trump acusa, sem qualquer prova, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro de chefiar um suposto cartel de drogas, conhecido como Los Soles, e dobrou a recompensa por sua captura para US$ 50 milhões — uma descabida e evidente provocação política contra o chefe de estado venezuelano.
O governo dos Estados Unidos trava uma brutal guerra econômica e política contra o governo bolivariano da Venezuela, são mais de dez anos de embargo comercial, confisco de bens e tentativas de golpes armados, até um “presidente-encarregado”, Juan Guaidó, foi reconhecido pelos Estados Unidos, em 2019 — uma medida de intervenção direta sem precedentes na vida política da Venezuela.
Resposta da Venezuela
“Nossos mares, nossos céus e nossas terras são defendidos por nós, libertados por nós, vigiados e patrulhados por nós. Nenhum império virá tocar o solo sagrado da Venezuela nem deve tocar o solo sagrado da América do Sul”, afirmou Maduro em suas redes sociais.
O governo da Venezuela determinou uma mobilização geral contra as ameaças de Trump. Segundo Maduro, uma força terrestre de 4,5 milhões de milicianos serão convocados para defender o território do país. As milícias, as brigadas populares e os comandos comunais (organizações de bases territoriais) integram o dispositivo civil de defesa do poder bolivariano.
Além disso, as Forças Armadas Bolivarianas estão de prontidão para conter um eventual ataque dos EUA. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, informou que a Marinha venezuelana já foi mobilizada para proteger a costa do país.
Solidariedade com a Venezuela
A 13° Cúpula Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da ALBA-TCP – Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – reunida na quarta-feira (20), emitiu uma declaração de apoio ao presidente Nicolás Maduro.
O documento “rejeita categoricamente as ordens do governo dos Estados Unidos para mobilizar forças militares sob falso pretextos; denuncia o destacamento militar dos EUA em águas caribenhas, disfarçado de operações de combate às drogas, como uma ameaça à paz e à estabilidade regionais e uma flagrante violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, que consagram o respeito à soberania, à autodeterminação dos povos; e exige a cessação imediata de qualquer ameaça ou ação militar que viole a integridade territorial e a independência política dos Estados da América Latina e Caribe”.
As ameaças de Trump contra a Venezuela também foram repudiadas pelos governos do México e da Colômbia. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, declarou “que os países da região podem colaborar no combate ao narcotráfico, mas não podem aceitar intervenções externas que violem a soberania nacional”.
Por sua vez, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou em reunião ministerial transmitida em cadeia nacional, “que os americanos estão perdidos se acham que invadir a Venezuela resolverá seus problemas e, com isso, arrastam a Venezuela para a situação similar à Síria, com o agravante de arrastar a Colômbia junto”.
O governo brasileiro manifestou preocupação com o deslocamento de embarcações norte-americanas para a costa venezuelana. O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse em reunião na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (20), que o Brasil seguirá com a sua tradicional posição da não intervenção nos assuntos internos de qualquer país. Segundo ele, “a não intervenção é fundamental, um princípio basilar da política externa brasileira, uma coisa histórica. Até durante o período de governo militar, o Brasil nunca aceitou a ideia de intervenções externas. E nos preocupa muito a presença de barcos de guerra muito próximos à costa venezuelana, sobretudo com as recentes declarações”.
A escalada do governo trumpista contra os países da região, exige uma coordenação continental dos governos para o enfrentamento ao imperialismo norte-americano e uma vigorosa mobilização dos povos para deter a rapinagem dos tarifaços e o saque das riquezas nacionais, alvos da ganância imperialista.
Milton Alves, do Comitê Nacional do Diálogo e Ação Petista (DAP) e militante do PT de Curitiba