Nenhuma demissão por taxação!

Nessa quarta-feira (13), o governo federal anunciou o plano “Brasil Soberano”. O pacote prevê benefícios fiscais e crédito para empresas atingidas pelo tarifaço de Trump. Em contrapartida, as empresas beneficiadas devem se comprometer com “manutenção ou ampliação do número de empregos, nos termos estabelecidos em ato do Ministro de Estado da Fazenda”, mas deixa aberta a porta para demissões em caso de “inviabilidade”. As federações empresariais consideraram o plano “insuficiente” ao mesmo tempo em que o “mercado” exige que tudo esteja dentro da meta fiscal. O fato, é que a fatura de Trump começou a ser cobrada dos trabalhadores.

Trump segue a ofensiva, revogou o visto de brasileiros que participaram da criação do programa Mais Médicos, declarou que o Brasil é “péssimo parceiro comercial” e chamou o processo em que Bolsonaro responde por tentativa de golpe de “execução política”. Eduardo Bolsonaro (PL/RJ) comemorou: “Obrigado Presidente Trump e secretário Rubio.” No Congresso inimigo do povo, o Centrão e bolsonaristas discutem a blindagem de parlamentares, na verdade, denunciados em 40 inquéritos no STF por desvio de emendas parlamentares. Enquanto isso a impunidade dos deputados que ocuparam a mesa diretora por 30 horas arrisca ir o forno pelas mãos de Hugo Motta.

A FIEMG, federação patronal mineira, prevê o fechamento de 146 mil postos de trabalho no curto prazo (um a dois anos) e até 618 mil em 10 anos. As demissões estariam concentradas no ramo siderúrgico, madeira e artefatos de couro.

“Foi o que eu falei para a minha mãe: eu, que não tenho nada a ver com isso, primeiro tive de trabalhar mais para adiantar as encomendas e, agora, fui dispensado”, disse Matheus Gabriel dos Santos, inspetor de qualidade demitido da Engemasa (São Carlos/SP) por conta do tarifaço, ao ser interrogado pelo Estadão.

Em meio à chantagem dos patrões, este não será o único caso. Frente à porta aberta deixada pela MP para mais dispensas é tarefa dos sindicatos e da CUT não aceitar nenhuma demissão pela taxação.

É nítido que a afirmação soberania não virá dos empresários. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, já defendeu que o país inclua nas negociações com Trump temas como o etanol, as big techs e os minerais críticos, ele não vê problemas em entregar o subsolo brasileiro e setores da economia.

Para os trabalhadores, a soberania tem conteúdo concreto. A defesa dos empregos e dos salários deve ser a contrapartida exigida pelos benefícios fiscais oferecidos. Da mesma forma, é correto não submeter as medidas de proteção do parque fabril às metas do resultado fiscal ou recuar frente às acusações de “gastança” feitas por analistas encomendados pelo “mercado” para manter de pé o arcabouço fiscal em detrimento das necessidades do povo.

No dia 7 de setembro, convocado pela CUT e Frentes como dia de defesa da soberania, também dever ser dia de lutar por nenhuma demissão por taxação, defesa dos direitos e de medidas de reciprocidade contra os ataques de Trump. É assim que vamos derrotar Bolsonaro, o centrão e a turba golpista.

Marcelo Carlini, suplente do DR PT/RS

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