A uma semana do tarifaço de Trump, ameaças ao emprego e férias coletivas; Estadunidense quer as nossas terras-raras
No Paraná, férias coletivas na indústria de compensados de madeira. Em Santa Catarina, previsão de redução de jornada e férias coletivas na indústria de móveis. No nordeste, mil toneladas de peixes já deixaram de sem embarcadas.Em Minas Gerais o cancelamento das encomendas de ferro-gusa está parando fabricas. De pedras ornamentais a frutos e equipamentos, a ameaça de Trump já causa prejuízos antes da tarifa sobre produtos brasileiros entrar em vigor em 1º de agosto.
O tarifaço foi anunciado com uma exigência política: livrar Bolsonaro da prisão por tentativa de golpe de Estado. O ataque à soberania no terreno político é acompanhado pela ofensiva econômica. Trump, a pedido das Big Techs e as empresas de cartão de crédito, iniciou uma “investigação” sobre o Pix. Afinal, controlado pelo Banco Central, este sistema de pagamento compete com os que elas querem instalar.
Na Câmara, deputados bolsonaristas despudorados levantam a faixa eleitoral de Trump enquanto as empresas estadunidenses tentam saquear o Brasil, são traidores da pátria, e a Mesa não reage. Não é para menos que a pesquisa Ipespe, feita entre 19 e 22 de julho, aponta que a aprovação de Lula cresce (43%), e a Câmara é aprovada por 24% e o Senado 25%. O STF é aprovado pelos mesmos 43% dos entrevistados.
No assunto é o tarifaço o cenário é mais nítido. A reação de Lula é aprovada por 50% dos brasileiros, enquanto a reação de Hugo Motta e Davi Alcolumbre 15%. Praticamente a metade dos entrevistados (49%) rejeitam a conduta dos presidentes da Câmara e Senado.
O ataque é soberania é inquestionável, o povo percebe. Depois de forçar um acordo sobre a exploração de terras-raras na Ucrânia, os minérios brasileiros são a bola da vez para Trump. Segundo O Globo, o encarregado de negócios da Embaixada Americana em Brasília, Gabriel Escobar, manifestou interesse sobre minerais em reunião com representantes do setor de mineração. Lula reagiu: “Nós temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. Aqui ninguém põe a mão”.
Agora vem os militares
Já os apelos dos que querem ceder às chantagens de Trump prosseguem. Os valentões das altas cúpulas militares que deveriam defender a soberania, segundo o site Defesanet, não querem reciprocidade porque temem colapso da forças armadas com um bloqueio de fornecimento de equipamentos, ao invés de buscar alternativas. Apelos também partem de empresários. José Velloso, presidente da Abimaq, das máquinas e equipamentos (Valor, 16/7), afirmou que “Se um país retaliar, a consequência será o fim do comércio e uma derrota para todos”. “O importante é combinar com setores o apoio a uma proposta de liberalização de alguns segmentos econômicos”, disse Graça Lima, Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Estadão, 13/7). Nem os grandes empresários, nem a cúpula militar, nem o Congresso inimigo do povo. O povo brasileiro é o único que pode defender a soberania nacional. Lula está certo em reagir aos ataques. A defesa da nação deve combinar a reciprocidade, a taxação das Big Techs, a quebra de patentes, a taxação das remessas de lucros, a garantia real de emprego dos trabalhadores ameaçados pelo tarifaço… com Bolsonaro e seus generais na cadeia.
Marcelo Carlini, suplente do DR PT/RS