Trump, tire as patas do Brasil!
Numa brutal intervenção imperialista no Brasil, o governo estadunidense de Donald Trump enviou uma carta à Lula que pode ser resumida em uma frase: se “a caça às bruxas” não acabar imediatamente haverá sanções, os produtos brasileiros terão uma alíquota de importação de 50%.
Trump pode até recuar total ou parcialmente de suas tarifas, mas diferentemente de taxações impostas a outros países, aqui ele impõe exigências políticas como pressuposto. Pois a tal “caça às bruxas” é o julgamento e possível condenação no Supremo Tribunal Federal do “líder altamente respeitado” Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.
A mentira descarada sobre o alegado déficit comercial em favor do Brasil é desmentida por dados do próprio governo estadunidense. Ninguém se engane, a exigência de Trump é 100% política! Até porque o Brasil nem pesa tanto no comércio estadunidense, para ser tomado como o “caso exemplar”, a maior taxação na última leva de 22 países sobretaxados.
Lula corretamente reagiu politicamente em defesa da soberania do Brasil, criticou a tentativa de tutela externa e, na economia, anunciou medidas de reciprocidade tarifária. Haddad estuda a quebra de patentes de medicamentos fabricados por laboratórios americanos. O Ministério da Indústria e Comércio levanta a possibilidade de tributação das remessas de dividendos por multinacionais americanas.
Contudo, pelo momento, Lula disse na TV Globo no dia 10 que vai tentar negociar, entrar com recurso na Organização Mundial do Comercio (que ele mesmo na antevéspera escreveu que estava esvaziada) e, caso Trump não recue da taxação anunciada para 1º de agosto, adotará as medidas de reciprocidade.
O privatizador e vende-pátria Tarcísio de Freitas, culpou Lula pela agressão estadunidense e já defendeu indulto a Bolsonaro.
O Editorial do Estadão, porta-voz de empresários paulistas, concluiu no dia 10: “Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump, de Bolsonaro e de seus associados liberticidas”. Mas no dia seguinte seu Editorial falou de “debitar da conta de Lula, sobretudo porque este não atuou para reduzir as tensões com os Estados Unidos de Trump, ao contrário, investiu na aproximação com a China, advogou pela substituição do dólar e fez campanha contra companhias americanas de internet”. Como se vê, a direita (Estadão) quer mais é se equilibrar com a extrema-direita (Bolsonaro)!
O fato é que, em geral, o patronato e a cúpula do Congresso fazem apelos por uma negociação e mais nada. Resta saber, negociar o que? E se não der prá negociar, capitular? Ou vamos negociar a Anistia aos golpistas de 8 de janeiro? Livrar Bolsonaro das acusações?
Defesa da nação! Bolsonaro e seus generais golpistas na cadeia!
Trata-se de uma agressão imperialista. É preciso ir às ruas e rechaçar a agressão de Trump e de todos os seus sabujos em território nacional. Isso começou a acontecer nos atos de ontem, dia 10, em várias capitais, que podem e devem se ampliar. O DAP levou seus cartazes exigindo que Trump tirasse suas patas do Brasil, com apoio dos manifestantes.
Não faltam neste Congresso inimigo do povo porta-vozes bajuladores, são os mesmos que não querem nem discutir o IGF, imposto sobre grandes fortunas (a soma da renda com o patrimônio), e pôr fim à escala 6×1 sem redução de salário. São os mesmos que querem liquidar os mínimos constitucionais da saúde e da educação além de tentar aprovar uma reforma administrativa que deteriore ainda mais os serviços públicos.
Não resta dúvida que por Bolsonaro e seus generais na cadeia, além de questão de justiça, é uma ação em defesa da democracia e da soberania nacional. Nas eleições de 2026, além de enfrentarmos a direita e a extrema-direita, também enfrentaremos diretamente Donald Trump. Para vencermos, precisamos nos apoiar na força do povo na rua em defesa da soberania nacional.
Marcelo Carlini, suplente do DR PT/RS