A candidatura de Lula é possível e necessária

Leia artigo de Markus Sokol, publicado na edição nº 821 do jornal O Trabalho

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Porto Alegre, 24 de janeiro

O Tribunal Federal da 4a Região confirmou a condenação de Lula e ampliou a sentença de prisão para 12 anos, indicando a disposição de tirar Lula da eleição, até prendê-lo, e liquidar o PT. Cármen Lucia, do STF, escolheu um jantar com multinacionais (Shell, Coca-Cola etc.) para anunciar que não vai nem “pautar” a revisão da prisão após condenações em 2a instancia.
Lula, contudo, poderá ser candidato até se estiver preso pois, pela legislação, só em 15 de agosto, após sua inscrição, começam a correr os prazos legais para impedi-lo nos Tribunais Superiores, e eles não terminam antes do 1o turno.
Mas o Judiciário dobrou a aposta para tentar tirar da crise a coalizão golpista, cumprindo o exigido pelo “mercado”, com apoio da mídia, a começar pela reforma da Previdência. Há, realmente, um agravo na situação.
Tanto que um editorial do Financial Times, ligado ao mercado financeiro, se disse “preocupado” com o “vácuo” que se criaria. De fato, a ofensiva contra os direitos sociais e democráticos, pode empurrar, cedo ou tarde, à uma explosão social, sem que o grande capital, de seu ponto de vista, disponha de uma interlocução efetiva.

A vontade de milhões

No dia do julgamento em Porto Alegre, e no dia seguinte principalmente em São Paulo, e também outras capitais, mais de 100 mil pessoas em pleno verão saíram em defesa de Lula. Os “coxinhas” eram uns gatos-pingados.
Certo, os milhões ainda não se mobilizaram. Mas é diferente do impeachment, quando a aprovação de Dilma era cerca de 10% (e os coxinhas eram centenas de milhares). Agora, após o julgamento no TRF4, segundo o Datafolha, Lula lidera a pesquisa beirando os 40% e vence qualquer adversário no 2o turno. Se impedirem Lula, segundo a pesquisa, mais de um terço dos eleitores declara que vai se abster, votar nulo ou branco, algo nunca visto desde a ditadura militar – é a conseqüência, agora, da ditadura do Judiciário!
Não é fácil conquistar a candidatura de Lula, mas é possível batalhar, mobilizar e impor essa vontade popular de milhões. À condição de evitar as armadilhas.

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O julgamento de cartas marcadas

Lula foi firme ao se recusar a “respeitar a sentença” do TRF4 e apontar o dedo para “as instituições”. A resolução da Executiva do PT que confirma o seu nome, aponta os Comitês Populares como instrumento de luta prática pela candidatura, e a Constituinte como meta insubstituível da luta (ver abaixo), passando pela  mobilização contra a reforma da Previdência que deve engajar milhões.
Ao que se deve acrescentar a resistência às conseqüências da reforma trabalhista, aos cortes de verbas, às privatizações e ao obscurantismo, lutando pelos direitos conspurcados e pela soberania nacional.
É por aí o caminho da vitória em outubro.
Não ajuda, atrapalha desviar e arrastar a militância para um processo de “congresso do povo” ao longo do semestre. E não será com o complemento de “ações exemplares” de pequenos grupos que se derrotará os golpistas, ou que se mobilizará o povo (ao contrário, isolariam).
Tampouco se mobilizará o povo com falso realismo do “plano B”, bem-entendido, “plano B” do PT ou “plano B” negociado com aliados “muy amigos” – aí se perde o povo.
O caminho são mesmo as lutas de massa, a formação de milhares de Comitês Populares e as Caravanas, para um a campanha eleitoral antecipada nos fatos, para impor a candidatura de Lula, ganhar a eleição e garantir a sua posse.
É o árduo caminho da ação direta da classe trabalhadora, ganhando as amplas massas, sem bravatas, caminho por vezes doloroso, mas que vai desnudando a todo o povo o que são estas instituições, a urgência e os meios para refunda-las.

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